Por André Faria, CEO da Bluesoft
Escrevo este artigo diretamente de Las Vegas, Nevada, ainda processando a energia vibrante de estar entre mais de 60 mil pessoas no AWS re:Invent 2025. A atmosfera aqui foi elétrica, mas este ano, algo mudou. Não estamos mais apenas falando sobre o hype da tecnologia, mas sim, sobre resultados reais.
Tive a oportunidade de assistir ao keynote do Werner Vogels, CTO da Amazon. Foi um momento histórico e emocionante, afinal, foi a sua despedida do palco do Re:Invent após 13 anos liderando esse evento. Ele deixou uma mensagem clara, que ressoou muito com o que acredito na Bluesoft, de que “a tecnologia não veio para substituir profissionais, mas para nos forçar a nos reinventar”.
E a reinvenção deste ano tem nome e sobrenome: Agentic AI, ou, IA Agêntica.
Se nos últimos anos fomos apresentados aos assistentes que conversam e resumem textos, a AWS deixou claro que a “brincadeira” acabou. Agora, entramos na era dos Agentes de Fronteira. Para o varejista, isso muda tudo. Vamos entender um pouco mais sobre as novidades que vimos no Re:Invent 2025!
De “consultar estoque” para “resolver a ruptura”
A grande estrela do evento foi a transição da IA passiva para a ativa. Ouvimos muito aqui que 95% das empresas que investiram em IA ainda não viram o retorno financeiro esperado. A virada de chave para esse ROI começa agora, com agentes que não apenas sugerem, mas executam tarefas.
Imagine o seguinte cenário no seu supermercado, até ontem, você perguntava para o sistema: “Como está o estoque de leite?”. A IA respondia: “Baixo, previsão de encerrar em x dias”. Com a nova IA Agêntica apresentada aqui, o cenário é outro.
O agente percebe que o estoque está baixo, cruza essa informação com a previsão de vendas do fim de semana, acessa o portal de compras, negocia o pedido com o fornecedor (dentro das regras definidas pelo seu negócio) e agenda a entrega. Ele trabalha de forma autônoma, por horas ou dias, planejando e executando tarefas complexas.
Isso é o que a AWS chama de “agentes de fronteira”. Vimos demonstrações incríveis, como o novo modelo Amazon Nova Act, capaz de navegar em sistemas web, preencher formulários e até realizar pagamentos seguros em parceria com a Visa. É sair do “chatbot” para o “funcionário digital”, trazendo agilidade para o seu time e liberando seus colaboradores para se tornarem cada vez mais estratégicos e menos operacionais.
O fim da “cegueira” no PDV
Outra novidade que me chamou a atenção foi o avanço na multimodalidade com a família Amazon Nova. O modelo “Omni” agora processa texto, imagem e vídeo simultaneamente.
Pense nas centenas de câmeras de segurança que você tem na loja, gravando terabytes de vídeo que ninguém assiste. Com essa nova tecnologia, é possível “conversar” com essas imagens. Você poderá pedir ao sistema: “Mostre todos os momentos em que um cliente parou na gôndola de vinhos por mais de 2 minutos e saiu sem levar nada”, por exemplo.
Isso permite que a sua equipe de prevenção de perdas atue diretamente em situações que possam ocasionar esse tipo de perda.
Afinal, a IA entende o contexto visual. E isso é revolucionário para a prevenção de perdas e para entender o comportamento do consumidor no mundo físico, trazendo para a loja a mesma inteligência de dados que temos no e-commerce.
Ok, mas e quanto ao custo e a sustentabilidade desses agentes?
Essa é uma pergunta pertinente e que também surgiu na minha mente enquanto participava do evento. Afinal, sabemos que no varejo a margem é apertada e cada centavo conta. E a AWS endereçou isso com força. Foram anunciados novos hardwares, como os chips Graviton5, que oferecem 25% mais desempenho. Isso significa rodar sua operação de TI com menos máquinas e menos custo.
Além disso, o anúncio dos Database Savings Plans promete descontos de até 35% em bancos de dados. Para quem opera grandes volumes de transações no caixa e no ERP, isso é música para os ouvidos.
Também vi casos práticos de sustentabilidade que impactam diretamente o bolso, como o uso de IA para otimizar sistemas de refrigeração (HVAC). E o exemplo vem da própria Amazon Grocery, que conseguiu reduzir o consumo de energia em quase 15% com essa tecnologia, que agora, começa a pagar os seus custos e, ainda diminui o consumo de energia das suas lojas, impactando diretamente na sustentabilidade e no futuro do nosso planeta.
O futuro é agora (e é autônomo)!
Volto para o Brasil com a cabeça fervilhando de ideias e com a certeza de que a Bluesoft está no caminho certo. Nossa parceria com a AWS nos dá acesso a essas ferramentas de ponta, desde os novos agentes de segurança que monitoram o tráfego de dados até a infraestrutura de alta performance.
Na Bluesoft, nosso plano é transformar essa “força de trabalho digital” em valor prático dentro da plataforma que o varejo já usa todos os dias. Vamos evoluir para uma camada de agentes conectados ao ERP, começando por casos de uso com ROI claro — como detecção e correção de ruptura, automação de compras e reabastecimento, conferências inteligentes (recebimento e divergências), prevenção de perdas e rotinas financeiras/fiscais repetitivas.
A ideia é que esses agentes operem com regras de negócio bem definidas, permissões granulares e trilhas de auditoria, sempre respeitando LGPD e governança, com “human-in-the-loop” quando necessário. Em outras palavras: menos cliques e retrabalho, mais decisão e execução — e um varejo rodando com mais eficiência, previsibilidade e escala.
O recado do re:Invent 2025 foi dado, a nuvem deixou de ser apenas um lugar para “guardar arquivos” e se tornou um lugar para “executar trabalho”. Estamos prontos para trazer essa força de trabalho digital para dentro do seu varejo ser mais eficiente, gastando menos recursos e liberando sua equipe para performar cada vez melhor!