Primeiro dia do maior evento de varejo do mundo destaca transformações do comportamento do consumidor e necessidade de mudanças estratégicas nos supermercados
Por Renato Müller, de Nova York
O setor de supermercados costuma ser o primeiro a reagir às mudanças de comportamento dos consumidores, justamente por estar muito próximo no dia a dia. Com as incertezas trazidas por sucessivas ondas de Covid, mudanças climáticas e conflitos que trazem disrupções nas cadeias de suprimento, os supermercados vêm sendo desafiados a rever seus negócios. Essa foi uma das tônicas do primeiro dia da NRF Big Show 2023, neste domingo (15/01).
Em uma das palestras do maior evento de varejo do mundo, Kate Ancketill, cofundadora e CEO da GDR Creative Intelligence, destacou o papel da sustentabilidade como um vetor estratégico de todo o varejo. “As empresas precisam repensar seus modelos de negócios para descentralizar sua cadeia de suprimentos, reduzir o desperdício e a quantidade de lixo e desenvolver autossuficiência energética”, afirma. Todo esse conjunto de ações significa uma nova postura dos supermercados, em que a sustentabilidade passa a ser parte do DNA do negócio.
Não basta ser sustentável – é preciso ter uma proposta de valor clara para os consumidores. “É possível ter sucesso no varejo supermercadista de diversas maneiras, desde uma atuação em massa para um público muito amplo até a oferta de produtos únicos, em um sortimento com muita curadoria. O que não é possível é tentar fazer um pouco de tudo”, afirma Sajal Kohli, sócio-sênior e líder da área de varejo da consultoria McKinsey. Para ele, é preciso escolher suas batalhas.
Nessa busca por diferenciação, os produtos de marca própria podem ser um grande diferencial. “Os consumidores estão dispostos a recompensar supermercadistas que os ajudem a ter um estilo de vida mais saudável. E isso pode, muito bem, passar por produtos de marca própria que tenham uma proposta de valor muito clara”, completa Kohli.
Outro aspecto importante reforçado pelo consultor da McKinsey foi a necessidade de acelerar a digitalização dos negócios. O que aconteceu desde 2020, então, é só o começo da história. “Os melhores supermercados são capazes de atender aos desejos dos clientes por meio de apps de fidelidade e engajamento digital, ao mesmo tempo em que usam a tecnologia para reduzir a falta de pessoal em áreas chave do negócio”, completa o executivo.