Por Renato Müller
O mercado consumidor formado por pessoas de ascendência hispânica e latina movimenta US$ 4 trilhões nos EUA – mas os supermercados americanos ainda estão aprendendo a lidar com o poder de compra da população que fala espanhol e português. O desafio, para as redes, é ir além da sinalização em inglês e espanhol e das prateleiras de produtos étnicos, diversificando linhas de produtos e aumentando a visibilidade de produtos internacionais para atender às necessidades de seus clientes.
Um relatório recentemente publicado pela Coresight Research aponta que, com a expectativa de que a população americana de ascendência latina ou hispânica aumente em 6,5 milhões de pessoas até 2028 (hoje são 66,5 milhões de pessoas), redes de grande porte estão identificando esse público como um potencial relevante de crescimento de receita. Para a consultoria, em vez de restringir os produtos a corredores específicos, é preciso ampliar a visibilidade dos produtos em toda a área dos supermercados.
Nos últimos anos, muitos varejistas têm desenvolvido sortimentos bem selecionados para atender o consumidor hispânico/latino. A Kroger, por exemplo, lançou sua marca própria Mercado, de alimentos e bebidas, em 2023. No ano passado, a Big Y ampliou sua linha de produtos latinos em um novo conceito de loja em Massachussetts, adicionando hortifrutis de países como o Brasil, a Colômbia e ilhas do Caribe.
Os estudos têm demonstrado que o público hispânico/latino que mora nos EUA tem um comportamento bastante distinto. Eles têm uma frequência de ida a supermercados que vendem produtos latinos com uma frequência 6x maior do que vão a supermercados tradicionais, além de priorizar a relevância à fidelidade: eles esperam que os varejistas se antecipem e atendam suas necessidades de compra.
Considerando que 70% dos consumidores latinos nos EUA têm menos de 45 anos e que esse é um dos grupos demográficos que mais crescem no país, as redes de supermercados deveriam analisar o comportamento e os aspectos da experiência de compra que são relevantes para eles, em vez de simplesmente oferecer produtos sem entender as diferenças de comportamento, por exemplo, entre dominicanos, mexicanos e cubanos.