Nos EUA, clientes dos supermercados percebem perda de 22% no poder de compra, índice quase 10 pontos percentuais acima da inflação
*Por Renato Müller
A inflação vem batendo recordes nos Estados Unidos, mas, para os consumidores locais, a percepção de alta do custo de vida é muito maior que os indicadores oficiais. Um estudo realizado pela dunnhumby mostra que os clientes perceberam um aumento de 22,8% no custo da alimentação dentro de casa, 9,7 pontos percentuais acima dos 13,1% indicados pelo US Bureau of Labor Statistics (a versão americana do IBGE).
Além de estar mais alta que a inflação oficial, a percepção dos consumidores sobre a elevação do custo de alimentação dentro do lar também está 5,1% mais alta que antes da invasão da Ucrânia pela Rússia. Entretanto, o impacto da inflação sobre os alimentos varia muito dependendo da demografia e da região do país.
“A grande consequência desse aumento do custo dos alimentos, percebido como bem acima da inflação oficial, é uma mudança de comportamento dos clientes”, afirma Grant Steadman, presidente da dunnhumby para a América do Norte. Em um dado preocupante, quase um terço dos americanos está reduzindo ou eliminando totalmente algumas refeições, um aumento de 5% em relação ao início do ano. “Varejistas e fabricantes precisam priorizar os consumidores em suas decisões sobre como responder à pressão inflacionária”, recomenda o executivo.
O estudo mostra que 64% dos consumidores americanos dizem ter dificuldade em arcar com despesas inesperadas acima de US$ 400, contra 60% há seis meses. Nas regiões mais pobres dos Estados Unidos, como os estados de Louisiana e Oklahoma, o índice de insegurança financeira chega a 77%. Além disso, 55% dos entrevistados não têm conseguido se alimentar como gostariam e 18% não têm o suficiente para comer.