Multinacional pretende investir mais de R$ 1,1 bilhão nesse projeto em seus parques produtivos
Um robô que circulou pelo centro de tecnologia e inovação da Nestlé, em São José dos Campos (SP), no fim de janeiro, entregando correspondência, foi o primeiro teste da tecnologia 5G pela multinacional de alimentação no país, em conjunto com a consultoria Accenture.
Neste ano a Nestlé prevê investir R$ 1,1 bilhão para aumentar a produtividade das operações industriais, incluindo robôs conectados e adequações de infraestrutura para novas tecnologias, nas fábricas de Araras e Caçapava (SP), Ituiutaba e Montes Claros (MG).
“Partimos de uma aplicação bem simples para testar a latência de rede”, diz Gustavo Moura, gerente do Programa de Transformação Digital para Operações da Nestlé Brasil, referindo-se ao tempo que os dados levam para trafegar na rede da empresa – desde a ordem de comando da máquina até a resposta do servidor.
O robô era controlado remotamente pela Pollux, divisão da consultoria Accenture, em Joinville (SC), por meio de uma rede 5G privada. Um exemplo de aplicação de robôs comandados por 5G, segundo o executivo, seria o transporte de matérias-primas de menor dosagem e materiais para embalagens do armazém para a fábrica.
Simplificar o parque computacional das fábricas, transferindo comandos executados por servidores presenciais para a nuvem, é uma das propostas de uso da nova geração de redes móveis pela Nestlé Brasil, segundo Moura. “Com o 5G posso levar comandos computacionais que estão hospedados em máquinas da fábrica para a nuvem, e realizar operações remotas com muito mais segurança, além de contar com um poder de processamento quase infinito”.
A capacidade de transferir um volume maior de dados pelo 5G permite, por exemplo, o monitoramento remoto de imagens da produção como o padrão do diâmetro de uma linha de biscoitos. “Vou poder processar imagens mais pesadas e contar com uma máquina que detecte anomalias e tome decisões”, explica Moura.
Uma das principais vantagens de aplicações remotas via redes 5G é a redução da latência de rede, que promete ser de 10 milisegundos, em média, intervalo oito vezes inferior à latência das redes 4G, segundo dados da Accenture.
Outra expectativa da empresa é monitorar e resolver problemas em linhas de produção virtuais. “Posso chamar um especialista da Europa para discutirmos uma solução no ambiente virtual, em tempo real”, diz o gerente.
Por enquanto, as aplicações do 5G no chão de fábrica estão em fase de testes na Nestlé, sem data para entrar em prática.
Entre 2021 e 2035, aplicações da tecnologia 5G devem gerar até US$ 1,2 trilhão para o Produto Interno Produto (PIB) do Brasil, de acordo com estudo da finlandesa Nokia e da empresa de análises de dados britânica Omdia. Somente no setor de manufatura, o impacto previsto é de US$ 181 bilhões no PIB, no mesmo período.
Fonte: Daniela Braun, Valor