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Na jornada do ESG ,o “S” tem ficado de fora, avaliam estudiosos

De Administrador SH
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Especialistas afirmam que ações sociais podem fortalecer a saúde financeira das empresas

Muito tem se falado em ESG nos últimos anos, mas em meio a compromissos globais ambiciosos – e urgentes – para frear as mudanças climáticas, há poucas novidades sobre o “S”, de social. Foi o que observaram os especialistas que participaram do BRF ESG Fórum.

Entre os pontos de convergência, os palestrantes defenderam que é preciso simplificar o debate sobre sustentabilidade e entender que, apesar de ser difícil mensurar a importância das ações sociais para a saúde financeira das empresas, ela existe e terá impacto enorme no futuro.

Sonia Favaretto, especialista em sustentabilidade e colunista do Valor Investe, apresentou dados do Fórum Econômico Mundial que mostram que quatro das dez maiores preocupações para os próximos anos no mundo são sociais, e vão de crises de subsistência até o fim da estrutura social como a conhecemos. “É preciso encontrar novas formas de progresso”, afirmou.

Lorival Luz, CEO global da BRF, afirmou, na abertura do evento, que garantir acesso à educação, por exemplo, será determinante para garantir mão de obra qualificada. Na mesma linha, o chef de cozinha e fundador da Gastronomia Periférica, Edson Leite, citou um mantra de sua sócia Adélia Rodrigues: é preciso alimentar pessoas com comida e conhecimento, na mesma medida. “Ninguém estuda e trabalha bem com fome”, reforçou.

Ao lembrar que 30% dos alimentos produzidos no Brasil vão para o lixo, Leite, que estudou gastronomia na Europa e aprendeu a aproveitar todo o alimento, disse que é preciso investir em capacitação. “No campo, por exemplo, é preciso mostrar para o agricultor o que pode ser feito após uma geada. Dá para ele fazer compostagem e usar como fertilizante?”, exemplificou.

A vice-presidente global de Relações Institucionais e Sustentabilidade da BRF, Grazielle Parenti, realçou que a segurança da alimentação também é um desafio no interior do país, onde a companhia também está inserida. “Tem gente passando fome, recursos naturais desperdiçados e alimentos que apodrecem e viram lixo”, disse ela, citando posteriormente que a companhia se comprometeu a investir R$ 400 milhões no fortalecimento das comunidades ao redor de seus negócios até 2030.

Para sair do campo das ideias, a diretora de relações institucionais na Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), Helen Pedroso, afirmou que é necessário priorizar o lado social e definir metas – e, nesse ponto, lideranças do setor privado são fundamentais para fazer as coisas acontecerem.

Carolina da Costa, sócia da Mauá Capital, afirmou também que o número de pessoas que passam fome no mundo deveria ser suficiente para que, enquanto sociedade, houvesse uma indignação coletiva. “Porém, também é uma agenda econômica, que afeta profundamente os negócios. Enquanto a gente consegue colocar temas ambientais no centro, os sociais ficam em um lugar em que parece que cabe só aos governos”.

Carolina vê um futuro em que grandes empresas poderão assumir o papel de fundos de investimento. “Existe uma miríade de possibilidades no mercado para financiar fornecedores, para que eles consigam desenvolver suas atividades de forma sustentável, gerando prosperidade social”, afirmou.

Nesse sentido, o fundador da Gastronomia Periférica pediu que o setor privado “vire a chave”, integre os milhões de reais que investe em ações de marketing com o braço social e seja mais sensível às particularidades dos pequenos empreendedores. “Demora-se 45 dias para pagar uma nota fiscal. A pessoa precisa comer amanhã. Existe uma burocracia gigantesca dentro desses processos. É preciso entender essas dificuldades e fazer algo”, alertou Edson Leite.

A sócia da Mauá Capital atentou para o fato de que ações sociais são mais difíceis de se precificar do que as ambientais, que já contam com mercados como o de carbono. Segundo ela, a esmagadora maioria dos recursos captados pelas empresas atualmente vai para iniciativas voltadas ao meio ambiente. “Então, nós trabalhamos essa agenda social como educação de mercado”, finalizou.

Fonte: Valor

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