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Mercado pet no Brasil: o potencial ainda pouco explorado pelo varejo alimentar

Consultor da ABRAS, Rodrigo Segurado, detalha o crescimento do setor pet no país e aponta caminhos para supermercados ampliarem sua participação no mercado que movimenta bilhões

De Redação SuperHiper
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Por Edevaldo Figueiredo

O mercado pet brasileiro desponta como uma das maiores oportunidades para o varejo alimentar, revelando um segmento em franca expansão e com potencial ainda pouco explorado. Durante sua palestra na ABRAS’25 food retail future, o consultor Rodrigo Segurado apresentou dados que colocam o Brasil como o terceiro maior mercado pet do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e China.

Segundo Segurado, o setor pet no Brasil movimenta cerca de R$ 77 bilhões, com uma base de 170 milhões de animais, entre cães, gatos, aves e peixes. A penetração de pets em lares brasileiros já ultrapassa a marca de 76%, sendo que 44% dos domicílios possuem cães e 21% gatos, o que demonstra o tamanho da oportunidade para o varejo alimentar.

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O especialista ressalta que a população brasileira gasta, em média, R$ 350 por mês com seus pets, com destaque para a alimentação que responde por 55% do faturamento do setor. Serviços como banho e tosa, medicamentos e cuidados veterinários também compõem uma fatia importante desse mercado, representando cerca de 45% do total.

Rodrigo Segurado destacou que o varejo pet brasileiro é diversificado, com a predominância de pequenos e médios pet shops, clínicas, hospitais veterinários, agrolojas, além do varejo alimentar, que representa 7,5% do canal de vendas, e o e-commerce, com 6,5%. Apesar de seu tamanho ainda modesto no segmento pet, o varejo alimentar tem margem para crescer e capturar maior fatia desse mercado.

A margem bruta média dos produtos no varejo pet varia conforme o segmento: acessórios atingem até 120%, serviços têm margem média de 85%, alimentação se situa em 50%, enquanto medicamentos ficam em torno de 20%. No varejo brasileiro, o e-commerce tem margem líquida de 4,5%, lojas independentes 6,5%, e redes e megastores chegam a 10%.

Um dos principais insights trazidos pelo consultor é a mudança no comportamento dos consumidores, especialmente a tendência da alimentação natural e funcional para pets, que cresce anualmente entre 30% e 40%. Essa modalidade ainda representa menos de 2% do mercado total, porém, tem grande potencial de ampliação, especialmente entre as classes A e B, que buscam alimentos naturais, hipoalergênicos e funcionais.

Além da alimentação, Segurado explica que o mercado pet está evoluindo para serviços personalizados, digitalização do varejo, sustentabilidade, rastreabilidade e até pet tax e wearables. Essas inovações oferecem oportunidades para que o varejo alimentar amplie o ticket médio por meio da oferta de produtos e serviços diferenciados.

Rodrigo reforça que o fenômeno da humanização dos pets, que passam a ser tratados como membros da família, gera novos padrões de consumo e também novas demandas por entretenimento, saúde mental dos animais e até robótica, com pets robôs para apoio emocional e educação.

Para o varejo alimentar, o consultor indica que o crescimento do mercado pet pode ser impulsionado com a introdução de serviços de alto valor agregado, como banho, tosa, clínicas e planos de fidelidade. Também sugere trabalhar com marcas próprias ou exclusivas, investir em canais digitais com entrega local e usar dados de recompra para fidelizar clientes.

Ele destaca a possibilidade de o varejo alimentar captar novos públicos ao oferecer alimentos naturais para pets, criando rotinas de compra que combinem a entrega desses produtos com hortifrúti, e gerando conteúdo para redes sociais que estimule o engajamento das comunidades locais de tutores de animais.

Outro ponto relevante apresentado foi o perfil dos estabelecimentos pet no Brasil, que vão desde megastores com faturamento mensal de R$ 750 mil e ampla oferta de mix de produtos, até pet shops de bairro menores, com menor cobertura de produtos e equipes reduzidas, configurando um cenário diversificado que deve ser explorado estrategicamente.

Rodrigo Segurado encerra a apresentação destacando que o varejo alimentar, apesar de deter apenas 4,2% do mercado pet, tem potencial para crescer e incrementar suas margens, capturando parte do mercado que hoje é dominado por pet shops e e-commerce, graças à sinergia com as estruturas já existentes e ao engajamento emocional proporcionado pela humanização dos pets.

O estudo completo apresentado por Segurado está disponível no app da ABRAS (Aple Store) (Android), e o consultor deixa um convite para que varejistas aproveitem as oportunidades oferecidas pelo mercado pet, cuja demanda segue em crescimento acelerado no Brasil e no mundo.

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