Por Giseli Cabrini
O Grupo Mart Minas firmou acordo com o Grupo Multi Formato para a aquisição de parte das lojas da rede Apoio Mineiro. O contrato já foi formalmente assinado entre as empresas. Porém, conforme determina a legislação, a confirmação da operação depende obrigatoriamente da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Detalhes sobre investimentos, número de lojas e cidades envolvidas na operação não foram divulgados devido a esse processo envolvendo o aval do órgão antitruste.
Vale lembrar que, em 2022, o Grupo Mart Minas realizou sua expansão para o Rio de Janeiro, firmando sociedade com o DOM Atacadista.
Agora, com esse novo movimento, reforça a estratégia de crescimento, ampliando sua presença no mercado e fortalecendo o compromisso de oferecer cada vez mais qualidade e conveniência a nossos clientes, aliado à missão de aumentar o poder de compra das pessoas.
Confira, a seguir, entrevista do diretor do Mart Minas e DOM Atacadista, Filipe Martins, ao site de SuperHiper:
Atualmente, só com a bandeira Mart Minas são quantas lojas em quais cidades mineiras?
São 65 lojas em 52 cidades de Minas Gerais só com a bandeira Mart Minas. Porém, nosso plano de expansão para 2025 prevê a abertura de duas lojas ainda este ano no estado: uma em Belo Horizonte e outra em Ibirité.
Em 2022, vocês adquiriram o DOM Atacadista no Rio de Janeiro? Com isso, atualmente, vocês operam em quantas lojas em território fluminense, incluindo capital e interior do estado?
Atualmente, temos 23 lojas no Estado do Rio de Janeiro, mas a meta é encerrar 2025 com 25 unidades. Estamos em fase de aprovação de dois novos estabelecimentos: um em Búzios e outro em Nova Iguaçu, com a bandeira DOM Atacadista.
Por que a escolha do Apoio Mineiro? Com essa operação, vocês passam a agregar quantas lojas e qual o número de novas cidades vocês passam a atuar?
Ainda não podemos divulgar investimentos nem quantidade ou local das lojas, devido à análise do Cade. Nossa estimativa é que isso seja finalizado em 60 dias, mas isso é uma previsão nossa. Essa escolha pelo Apoio Mineiro é estratégica para nós, mais no sentido de ampliar nossa relevância na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nós já estamos presentes, mas queremos ser mais relevantes.
Isso porque nossa história começou no interior de Minas e, só depois, chegamos a Belo Horizonte e seu entorno.
Importante destacar que, atualmente, com a bandeira Mart Minas, já estamos presentes em todas as regiões do estado, que é gigantesco: Zona da Mata; Vale do Jequitinhonha; Sul, Norte e Centro-Oeste; Vale do Aço, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba etc.
Há planos de novas aquisições nos próximos anos? Quais praças estão em estudo?
Nosso foco no momento está em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Há diferenças na forma de atuar em Minas e no Rio? Comente.
O padrão de loja do Mart Minas e do DOM Atacadista é praticamente o mesmo em termos de estrutura e layout. Pegamos o que era melhor em cada um e juntamos para criar um modelo que consideramos ideal. Contudo, há diferenças na programação visual e na forma de conduzir os negócios. A concorrência em Minas não é igual à do Rio. Adicionalmente, o mix é diferenciado em virtude de preferências locais, principalmente em relação a marcas regionais e categorias. Por exemplo, no Rio, os chás são muito relevantes. Além disso, o consumidor carioca é muito mais curioso e atento a promoções. Por sua vez, os clientes de Minas são muito mais fiéis às marcas locais, e isso é um grande desafio, devido à extensão do estado, que ainda por cima faz divisa com São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. Tudo isso influencia demais os hábitos e as preferências dos consumidores. É como gerenciar praticamente miniestados.
Qual a razão para concentrar a atuação só no formato atacarejo? Há planos para diversificar e incluir outros, como supermercados, lojas de bairro, etc.?
Não. Nascemos e nos desenvolvemos no formato atacarejo e acreditamos muito nele. Claro que esse modelo de negócio tem se modificado ao longo dos anos. Antes, as lojas ficavam muito próximas às rodovias, eram mais voltadas para classes de menor poder aquisitivo, tinham lojas mais simples e com menos serviços. Houve uma evolução muito grande. O formato atraiu classes mais altas. As unidades ficaram mais bonitas, sofisticaram o mix, passaram a oferecer mais conforto e a ocupar endereços dentro das cidades. E muitas bandeiras têm apostado forte na agregação de serviços dentro dos estabelecimentos.
Diante disso, como lidar com isso e se diferenciar?
Não apostamos muito na agregação de serviços. Nosso foco continua a ser direcionado para um custo de operação baixo. Atualmente, temos a maior operação do formato em Minas e estamos entre as dez maiores do País, mas não colocamos nenhum centro de distribuição (CD) para eliminar esse tipo de custo. Tudo que é nosso faz um caminho direto da fábrica até as nossas lojas. Trabalhamos também com um departamento de vendas muito ativo: temos 300 profissionais atuando interna e externamente. Isso nos permite oferecer um atendimento diferenciado para o público que é pessoa jurídica, especialmente os pequenos comerciantes. Ainda não temos self-checkout nas unidades. O que estamos testando é um modelo de açougue, porém sem balcão — só no autoatendimento em algumas lojas. Estamos fazendo experimentações, ora com parcerias de fornecedores, ora com atuação própria. Mas é isso por enquanto. Também não atuamos no e-commerce.
O retail media e o uso de inteligência artificial (IA) estão entre as tendências do varejo alimentar e já chegaram ao atacarejo. Como vocês têm explorado isso?
Não se trata de não acreditar no retail media, mas isso ainda não é uma prioridade para nós atualmente. Por sua vez, a IA é uma pauta que já faz parte do nosso dia a dia. Iniciamos alguns projetos voltados a abastecimento, precificação e inteligência promocional, isto é, por meio do conceito de cluster de loja, estudar o que deve ser ofertado, quando e como.
Como lidar com um consumidor cada vez mais heterogêneo em relação a questões geracionais e multiplicidade de canais?
Tendo muito claro qual é a missão de compra que o nosso estabelecimento atende e oferecendo um atendimento alinhado e diferenciado ao cliente: não deixar faltar produto e fazer com que o consumidor saia satisfeito. A missão de compra do atacarejo é a compra de abastecimento, a chamada compra do mês. Isto é, não é a reposição nem a conveniência, ainda que algumas bandeiras já tentem explorar isso.
Outro ponto em alta recai sobre a sustentabilidade, tanto em relação ao conceito de ESG quanto às novas demandas do consumidor. Como o grupo olha para isso?
Temos reaproveitamento de água e estamos em fase de testes para implantação de projetos com energia limpa a partir da instalação de placas fotovoltaicas. Também estamos envolvidos em muitos projetos sociais, desde investimento como patrocinadores de atividades esportivas e culturais até apoio a instituições e causas variadas: idosos, crianças, pessoas com deficiência e pets. Só no ano passado, entre recursos próprios e incentivos, fizemos repasses que chegaram a quase R$ 10 milhões.
E a questão do turnover e dificuldade para recrutamento e retenção de talentos?
O turnover no varejo alimentar é antigo. Contudo, atualmente, há mais um desafio, que é a contratação de mão de obra por diversos fatores. Para driblar isso, criamos a Escola Mart Minas e DOM, cujo objetivo não é só capacitar, mas criar um plano de carreira para nossos colaboradores. Oferecemos ainda premiações e outros benefícios.
O fim do ano vem aí. Como o grupo se preparou para essa temporada? Quais são as novidades?
O segundo semestre tradicionalmente é mais forte, e aproveitamos isso para intensificar nossas campanhas. No momento, temos a ação de aniversário do Mart Minas e do DOM, que vai até 15 de outubro. Na sequência, temos as campanhas Preço Baixo e Black Friday. Claro que Natal e Ano Novo prometem muito também. Nossas apostas se voltam para categorias básicas, entre elas panetones e cestas natalinas.