O varejo alimentar do Ceará e da Bahia está à frente de ações para ampliar a presença de itens regionais e da agricultura familiar nas gôndolas dos supermercados dos respectivos estados nordestinos.
Nesta semana, a Associação Cearense de Supermercados (Acesu), em conjunto com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), esteve reunida para discutir ações que incentivem a produção e presença de mais produtos regionais nas prateleiras.
Na anterior, no dia 6 de agosto, foi assinado um acordo de cooperação entre a Associação Baiana de Supermercados (Abase) e o governo daquele estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) . O objetivo é viabilizar a realização de ações e atividades conjuntas para incentivo, promoção, divulgação e parcerias, visando ampliar a aquisição de produtos das agroindústrias familiares pelas redes locais.
No caso do Ceará, a pauta surge em um momento marcado por debates sobre o fortalecimento da cadeia produtiva local, especialmente diante de desafios externos como o recente aumento de tarifas anunciado pelos Estados Unidos.
Segundo levantamentos da Faec, atualmente, itens agrícolas produzidos no Ceará representam cerca de 20% do total disponível nas gôndolas dos supermercados. Esse cenário reforça a necessidade de estratégias conjuntas para ampliar a produção e o consumo de alimentos cultivados no estado, fortalecendo produtores, fixando famílias no campo e gerando mais oportunidades para a economia regional.
A presidente da Acesu, Claudia Novais, explicou que a participação ainda limitada de produtos cearenses se deve, principalmente, à dificuldade de atender toda a demanda do mercado interno. “Questões como custos logísticos, economia de escala de grandes produtores, sazonalidade da safra local e acordos comerciais interestaduais influenciam essa dinâmica”. Ela também pontuou que “o preço pode ser um fator importante, especialmente nos insumos aqui produzidos com redução do frete, que é impactante, notadamente nos chamados FLV (frutas, legumes e verduras) que vêm de outros estados”.
Sobre a possibilidade de criar sinalizações específicas para destacar os produtos de origem local, Claudia vê como uma ideia promissora. “A Acesu pode sugerir aos associados a adoção de uma sinalização clara para produtos produzidos no Ceará. Como entidade, a associação pode apresentar essa proposta como uma medida que reúne benefícios simbólicos e estratégicos: promover a produção local e engajar o consumidor em uma campanha de valorização regional”.
Importante destacar que o trabalho conjunto entre Acesu e Faec vem ganhando força, e a proposta de ampliar o espaço de produtos cearenses nos supermercados já vinha sendo debatida antes mesmo das reuniões sobre a taxação. “O setor supermercadista já vinha estudando essa possibilidade, inclusive, com o apoio da Faec”. O cenário atual apenas acelerou as conversas, mas ainda não há ações definidas para execução imediata”, conclui a presidente da Acesu.
Bahia
Para a presidente da Abase, Amanda Vasconcelos, o acordo firmado, durante a abertura da SuperBahia – Feira e Convenção Baiana de Supermercados, Atacados e Distribuidores, no Centro de Convenções de Salvador (BA), evidencia o compromisso do setor supermercadista com o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social. “Estamos falando de valorizar o que é produzido na nossa terra e fortalecer toda a cadeia de abastecimento. Esse acordo reafirma o papel social dos supermercados baianos e demonstram que, quando unimos forças, quem ganha é a população”, destacou.
Na avaliação do diretor-presidente da CAR, Jeandro Ribeiro, o acordo tornará a parceria com a Abase ainda mais efetiva, aproximando as cooperativas da agricultura familiar da Bahia das redes de supermercados do estado, colocando seus produtos em ainda mais mesas dos consumidores baianos.
Aipim congelado, iogurtes, manteiga, queijos, alimentos minimamente processados, polpas de frutas, doces, geleias e chocolates, oriundos da agricultura familiar baiana fazem parte dos itens que já estão sendo comercializados em redes de supermercados que atuam na Bahia, como Atakarejo, Hiperideal, Rede Mix, Novo Mix, Atacadão e Sam’s Club. A expectativa é que, com o acordo assinado, aumente tanto o número de produtos quanto o de supermercados parceiros que vendem a produção da agricultura familiar no estado.
A iniciativa é realizada em parceria com a Federação das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes-Bahia), responsável pela logística dos produtos, a partir do Centro de Distribuição da Agricultura Familiar, localizado no bairro de Itapuã, na capital baiana. Com câmaras frias e uma área de 1.296 metros quadrados, o espaço possui capacidade superior a 200 toneladas, garantindo agilidade na entrega e a integridade dos produtos até os pontos de venda.
Fonte: Acesu e Governo da Bahia (Ascom/CAR)
Créditos nas imagens: Ascom – gov. BA/CAR e assessoria ACESU