Por Renato Müller
Houve um tempo em que lojas sem check-outs, em que os consumidores simplesmente entram, retiram o que precisam e são cobrados automaticamente, eram o futuro do varejo. Hoje, o conceito está em baixa – talvez com os dias contados.
Depois que a Amazon anunciou, no mês de abril, que retiraria o sistema Just Walk Out de suas lojas Whole Foods e Amazon Fresh, ficou claro que os desafios eram muito maiores que os esperados. Na semana passada, a Grabango, grande rival da Amazon em tecnologias de lojas sem check-out nos EUA, anunciou que vai fechar as portas.
A empresa, criada em 2016 pelo empreendedor americano Will Glaser (cofundador do streaming de música Pandora), disse não ter conseguido levantar uma nova rodada de financiamento com investidores para manter sua operação. “Embora a empresa tenha se estabelecido como líder no segmento de lojas sem check-out, ela não conseguiu com seus investidores os fundos necessários para continuar operando”, disse a empresa em comunicado à imprensa.
Dados da Pitchbook mostram que a Grabango levantou US$ 73 milhões em rodadas de investimento, com destaque para US$ 39 milhões em 2021, em uma rodada liderada pela Commerce Ventures e participação do Founders Fund (do magnata Peter Thiel) e dos braços de venture capital da Unilever e Honeywell.
Em fevereiro, Will Glaser disse que a empresa tinha planos de abrir o capital nos próximos anos, com um valor de mercado entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões. Mas o encolhimento do mercado de capitais na saída da pandemia fez com que a empresa tivesse que se sustentar com seus próprios recursos.
Mesmo com parcerias fechadas com gigantes supermercadistas como Aldi, Giant Eagle, 7-Eleven e Circle K, a empresa não conseguiu se tornar viável antes que o dinheiro acabasse. Já a Amazon, cujos bolsos são muito mais cheios, mantém lojas Amazon Go em operação, tem o sistema em unidades Amazon Fresh no Reino Unido e conta com cerca de 170 parceiros no mundo que usam a tecnologia Just Walk Out de lojas autônomas. O modelo tem demonstrado ser viável para negócios que atuam com um forte foco em conveniência em locais de grande fluxo de clientes, como aeroportos e estádios.