Na média, inflação em 12 meses ficou em 8,6% em maio, superando previsões e antevendo elevação dos juros
A inflação americana teve resultado acima do esperado em maio e bateu novo recorde, com o índice de preços do país avançando 8,6% em 12 meses, maior patamar em 40 anos. Os gêneros alimentícios tiveram aumento de 11,9%, o maior desde 1979. Na gasolina, a alta foi de 49%.
A mediana das expectativas de analistas ouvidos pela Bloomberg era de um avanço de 8,3%. O núcleo do índice, que exclui os preços de alimentos e energia, mais voláteis, ficou em 6% em 12 meses, também acima das projeções, de 5,9%.
Os efeitos da Guerra na Ucrânia, das sanções à Rússia e dos lockdowns na China por causa da Covid fizeram os preços subirem com força em vários itens. A tarifa de eletricidade ficou 12% mais cara, maior alta desde 2006. O valor do aluguel subiu 5,2%, maior patamar desde 1987.
Nem o lazer escapou. As passagens aéreas avançaram 12,6% em 12 meses, maior patamar desde 1980. A hospedagem em hotéis ficou 22,2% mais cara, refletindo a reabertura da economia e o aumento da demanda por viagens e entretenimento.
O resultado aumentou o temor de uma alta acelerada de juros nos EUA nos próximos meses, o que teria efeitos na economia global, além de representar uma enorme pressão política para o presidente Joe Biden. A estimativa do mercado é de que na próxima reunião do Federal Reserve, marcada para dia 15, a taxa básica do país tenha um avanço de 0,75 ponto percentual.
Uma subida mais intensa dos juros pode levar o país à recessão, e muitos analistas já veem esse risco como inevitável em 2023.
“O banco central americano tem agora um bom motivo para surpreender os mercados com uma alta mais agressiva que o esperado em junho”, afirmaram em nota economistas do Barclays, que alteraram suas projeções para um aumento de 0,75 ponto no dia 15.
O Fed ainda foi alvo de críticas do ex-secretário do Tesouro Lawrence Summers.
– Está claro que a teoria de pico da inflação está errada – disse Summers ao programa “Wall Street Week”, da TV Bloomberg. – As projeções do Fed de março, afirmando que a inflação recuaria ao patamar de 2% até o fim do ano, já eram delirantes na ocasião, e parecem ainda mais ridículas hoje.
Fonte: Bloomberg