Por Renato Müller
As incertezas trazidas pela guerra comercial e constantes idas e vindas das tarifas sobre produtos manufaturados já provocaram mudanças nos comportamentos dos consumidores americanos. Um estudo realizado pela Rakuten mostra que 55% dos consumidores pretendem priorizar produtos com preços baixos nos próximos meses e 41% acreditam que irão comprar menos que nos anos anteriores, uma vez que 77% dos entrevistados acreditam que os preços vão continuar subindo ao longo de 2025.
Os fabricantes também têm enfrentado dificuldades, uma vez que se torna mais desafiador equilibrar a necessidade de inovação com a realidade de uma inflação mais alta e de incertezas na cadeia de suprimentos. “Será preciso desenvolver estratégias não apenas para manter os consumidores satisfeitos, mas também para mostrar a eles que estão obtendo um bom valor em suas compras”, afirma Ivan Torossian, diretor da consultoria Global Data. “As pressões de custo serão ainda mais intensas”, acredita.
Neste momento, modelos tradicionais de desenvolvimento de produtos não têm sido capazes de lidar com as mudanças de interesse dos consumidores – muitas dessas mudanças impulsionadas por movimentos nas redes sociais. Como resultado, é preciso repensar os processos de inovação. “É importante que a indústria crie plataformas mais flexíveis, que possam ser pivotadas para acompanhar as mudanças dos consumidores”, analisa Torossian.
Um exemplo dessa estratégia é conduzir “renovações” de produtos já existentes, adaptando-os para otimizar os investimentos em branding. O uso de Inteligência Artificial tem acelerado a inovação, reduzindo ciclos de desenvolvimento de meses para semanas, com uma boa relação custo/benefício. “Temos analisado os dados de comportamento dos clientes para desenvolver novos produtos mais rapidamente”, afirma Megan Bullock, diretora de ciência preditiva da Conagra, dona de um portfólio de 20 marcas de alimentos que vão de itens congelados a produtos com apelo de vida saudável.
Os dados de comportamento incluem comentários nas redes sociais, buscas online no Google e em varejistas e informações de compras coletadas nos pontos de venda físicos. “Nossa abordagem é entender como os consumidores estão modificando seus hábitos e o que estão valorizando. A partir daí, analisamos nosso portfólio para adaptar o que já temos às novas demandas. O lançamento de novos produtos só acontece depois, se existe uma demanda não atendida”, explica Megan.