O uso da inteligência artificial (IA) vem ganhando espaço na indústria alimentícia do Brasil. Para que a adoção seja mais ampla, os custos de implementação ainda representam um desafio para muitas empresas do setor, em especial as de menor porte. Outro gargalo está em encontrar mão de obra qualificada para lidar com a tecnologia no dia a dia.
Embora mais companhias estejam dando atenção à tecnologia, em razão dos benefícios que a tecnologia oferece, os aportes de micro e pequenas empresas ainda estão abaixo da média global. A análise tem como base uma pesquisa realizada pelo Food Connection em parceria com a FISPAL Tecnologia, que ouviu 146 profissionais da área para entender os avanços tecnológicos no setor.
O levantamento sobre tecnologia na indústria de alimentos detalhou os planos de investimento para os próximos dois a três anos. O grupo, formado por 30% das empresas, pretende investir entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão nesse período. Contudo, mais um terço das empresas – 37,5% – planeja investir até R$ 100 mil. A limitação orçamentária é maior entre micro e pequenas empresas, que representam cerca de 70% do setor. Com foco em manter suas operações básicas, muitas ainda veem a tecnologia como um custo elevado e de retorno incerto. Disso, 18% das companhias afirmaram não ter qualquer planejamento financeiro voltado à IA, o que mostra que há um longo caminho a ser percorrido até que a transformação digital se consolide em todo o setor.
Além dos custos, quase metade das empresas relatam dificuldades em encontrar mão de obra capacitada para operar soluções baseadas em IA. Por ser uma tecnologia relativamente nova no mercado, a falta de qualificação continua sendo outro entrave.
Apesar disso, o cenário sinaliza uma expansão. A pesquisa mostra que mais de 70% das empresas já começaram a explorar a inteligência artificial ou já a utilizam em etapas específicas da cadeia produtiva.
No cenário nacional, São Paulo continua sendo o principal polo tecnológico da indústria alimentícia, concentrando 67% das empresas do setor. Esse volume favorece a adoção acelerada de soluções como automação e inteligência artificial. Entretanto, outros estados começam a se destacar, ainda que em proporções menores. Santa Catarina reúne 6% das empresas do setor, enquanto Minas Gerais representa 4%.