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GPA: receita sobe um dígito, mas volume de vendas caí 10% em janeiro

De Administrador SH
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CEO da Grupo Pão de Açúcar, Jorge Faiçal espera que as vendas voltem a crescer ao longo dos próximos meses por conta do dissídio do trabalhador

O diretor-presidente do GPA, Jorge Faiçal, destacou que o faturamento bruto do grupo em janeiro subiu um dígito na comparação com igual mês do ano passado. Na contramão, o volume de vendas caiu entre 10% e 11% em igual base. “O setor vem sofrendo desde meados do ano passado uma combinação de dois fatores. Um deles é a inflação de alimentos de dois dígitos, que segue acima da média da inflação brasileira, puxada pela proteína animal, câmbio e safra. Ao mesmo tempo, o bolso dos consumidores vem diminuindo, os salários estão mais baixos e o desemprego ainda está alto”, disse.

A queda no volume de vendas, disse, é algo presente em todo o setor. Ele explicou que o consumidor hoje está muito rigoroso nas compras. O volume de clientes que visitam as lojas está estável, mas o carrinho está mais vazio.

“Isso não foi diferente no Natal, cujo volume foi um pouco melhor do que 2020, mas muito abaixo do que a gente esperava”, disse. Com a frustração, o grupo viu um estoque de produtos grande a ser vendido neste início de ano de itens como panetone.

Apesar do início difícil com a inflação, algo que não deve ser contornado no curto prazo, o executivo sinalizou algum otimismo para o primeiro semestre, sobretudo diante da tendência de uma retomada do poder de compra diante dos dissídios trabalhistas.

“Olhando o copo meio cheio, possivelmente a gente tem renda aumentando gradualmente por conta dos dissídios. E temos uma base baixa do ano passado a ser batida. É o que a gente consegue ver. Olhar para o segundo semestre está um pouco longe”, disse.

Investimentos

Durante a live do Valor, Faiçal defendeu que o grupo pretende investir neste ano R$ 1 bilhão em capex no Brasil, contra algo perto de R$ 750 milhões realizado no ano passado.

“No ano passado, a gente investiu por volta de R$ 1,2 bilhão, no Brasil e na Colômbia. Só Brasil, capex no ano passado foi de R$ 750 milhões, uns 15% menos do que 2019 (antes da pandemia). Para 2022, considerando que a empresa diminuiu mais ou menos 25% no seu tamanho (ante desinvestimentos como o setor de hipermercados), deveríamos gastar R$ 550 milhões, mas projetamos R$ 1 bilhão de capex”, afirmou.

O investimento, disse, vai ser sustentado pelo recurso obtido com os desinvestimentos como o hipermercado e a transferência de ativos para um fundo imobiliário, que representou uma captação perto de R$ 5 bilhões. “Entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão vamos gastar no desenvolvimento do nosso próprio negócio entre 2022 e 2024”, disse. Parte significativa desses aportes deve vir neste ano.

Entre os investimentos previstos para este ano está a reforma dos 185 mercados Pão de Açúcar até dezembro, além da continuidade da expansão orgânica do Pão de Açúcar e do Minuto. Há ainda previsão de aportes para melhorar a arquitetura digital – embora esse recurso não deva ser tão significativo já que o executivo considera a atual estrutura boa.

Faiçal disse que na divulgação de resultado deve apresentar planos mais claros para abertura de lojas neste ano. Mas reforçou o plano atual de abrir, entre 2022 e 2024, 100 lojas novas de Minuto e 50 lojas do supermercado Pão de Açúcar.

No mercado Extra, o grupo pretende abrir lojas de “forma pontual e estratégica”, disse.

“É segmento rentável, mas menos rentável que o Pão de Açúcar. Podemos ter oportunidades de M&A e aquisição. Mas o foco, a prioridade é a marca Pão de Açúcar, seja digital, proximidade ou supermercados”, disse.

Venda de ativos no exterior

Faiçal disse que a empresa não tem pressa para vender ativos do grupo no exterior (como o colombiano Éxito), embora esteja disposto a fazer desinvestimentos para aplicar melhor o recurso.

“Eventual agenda de venda de ativos fora do país continua sempre ativa, como sempre esteve. Estudamos hipóteses. Mas nada concreto que a gente possa divulgar. Primeiro porque a gente não tem pressa. Os ativos estão valorizados abaixo do que consideramos preço justo. Se um dia aparecerem boas propostas a um bom preço por que não? “, disse.

Já sobre fusões e aquisições, o executivo disse que não há conversas no momento. “Não quer dizer que está fora de cogitação, mas no momento não existe”, disse.

Ano passado, a empresa anunciou a decisão de sair do segmento de hipermercados com a venda de 71 lojas da marca Extra. Na Live, o executivo defendeu o passo ao explicar que o cenário para o setor de hipermercado está turvo diante da concorrência com os atacarejos – que têm crescido no país e oferecido serviços similares. Na outr a ponta, segmentos como moda e eletrônicos, que eram fortes em hipermercados, ganharam concorrentes especializados.

“O fato é que uma loja com essa superfície de 6 mil metros quadrados precisa de volume de venda para pagar despesas. Se essa meta não acontece, entra no espiral negativo e é o que estava acontecendo com a gente”, disse, sobre o Extra. “Com saída do hiper, temos empresa muito mais leve e que pode focar em setores mais rentáveis”, acrescentou.

O executivo explicou ainda que o novo GPA sem o braço de hipermercados vai ser menos hard sell e focará mais na estabilidade de preços. “O hipermercado, além de trazer rentabilidade baixa, que era o caso, ele trazia muita disrupção de cadeia”, disse.

Apesar da sinalização sobre o crescimento do atacarejo, o executivo disse que esse setor não é um concorrente direto das marcas do grupo. Ele explicou que há certos tipos de compra que o consumidor opta por fazer em um atacarejo, enquanto outras modalidades o cliente aceita pagar um pouco mais pela experiência. “Acreditamos muito no hábito de compras de supermercados de bairro, que não tem de pegar carro”, disse.

Fonte: Por Cristian Favaro e Adriana Mattos, Valor

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