Por Renato Müller
Das prateleiras dos supermercados aos aplicativos, alguns dos principais nomes do varejo de alimentos dos Estados Unidos deram, na mais recente temporada de divulgação de resultados, pistas de como enxergam o futuro do setor. E, a julgar pelo que foi dito, o foco está na tríade conveniência / fidelização / Inteligência Artificial.
Empresas como Amazon, DoorDash, Uber e Albertsons mostram que o varejo de supermercados está mudando o foco. Fica em segundo plano a busca pelo crescimento em volume e assume o palco a precisão da execução. Nessa transformação, uso de dados, velocidade de entrega e diferenciação definem quem conquista o consumidor.
Em suas conferências de divulgação de resultados do terceiro trimestre, Amazon, Uber e DoorDash posicionaram a venda de alimentos como um negócio de plataformas, que vai além da ideia tradicional de delivery. A Amazon, por exemplo, aumentou a integração das operações de alimentos com as de não-alimentos, para que, em mais de mil cidades americanas, o cliente que queira, digamos, um pacote de macarrão, tomates e um laptop possa comprar tudo em uma única transação – para receber em casa em questão de horas. “Isso é um gamechanger para o nosso setor”, afirma Andy Jassy, CEO da Amazon.
Segundo dados da EMarketer e BizRate Insights de fevereiro deste ano, 50,2% dos consumidores americanos compram alimentos e bebidas na Amazon (incluindo as bandeiras de supermercados AmazonFresh e Whole Foods). Com a integração das operações de não-alimentos, a expectativa da empresa é que esse número aumente significativamente.
Já no Uber, os pedidos de supermercados e de varejo em geral já movimentam cerca de US$ 12 bilhões. “É um segmento que cresce a uma taxa bem mais elevada que o negócio de entrega de restaurantes”, disse o CEO Dara Khosrowshahi. O negócio de supermercados do Uber deve crescer 47,2% em 2025, para US$ 5,97 bilhões, segundo projeções da EMarketer.
A rede de supermercados Albertsons tem sido uma das mais avançadas no uso de Inteligência Artificial em suas operações. “Estamos empregando ativamente os agentes de IA para melhorar a execução das principais funções de negócios da empresa”, declarou a CEO da empresa, Susan Morris. Aplicados em áreas como precificação, promoções, personalização e atendimento ao cliente, os agentes aumentam a velocidade dos processos, a precisão das operações e a produtividade das equipes.
Com o uso da ferramenta Ask AI, os clientes do e-commerce da Albertsons podem fazer consultas em linguagem natural, como em uma conversa, mesmo para compras mais complexas. A expectativa é grande: a EMarketer projeta que as vendas online de alimentos da varejista saltem 18,5% este ano, para US$ 11,24 bilhões. “O Ask AI oferece ideias personalizadas e ajuda o cliente a encontrar os produtos mais relevantes, sem a necessidade de buscar em categorias específicas”, completa Morris.
