Por Giseli Cabrini
Conhecer o perfil daquelas que estão presentes nas duas pontas do negócio – quem faz parte e quem é cliente dele – é fundamental tanto para aprimorar o que já existe, quanto se antecipar àquilo que virá. Uma atitude mais do que oportuna para quem atua no varejo alimentar diante do aumento da presença das novas gerações tanto em seu quadro de colaboradoras quanto de shoppers.
Afinal, por definição, as gerações são grupos etários formados por indivíduos que, por nascerem durante o mesmo período histórico, acabam desenvolvendo características específicas relacionadas àquele contexto. E isso se reflete em suas atitudes e preferências. Ou seja, na forma como se comportam em situações do dia a dia, como trabalho, e na hora de ir às compras.
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Embora a data do início e do término de uma geração varie, quando se trata do grupo formado pelos “zoomers”, o parâmetro que parece ter mais consenso é o que considera pessoas nascidas entre 1995 e 2010. Segundo um estudo da McKinsey, a geração Z representa 20% da população brasileira, ou algo em torno de 40 milhões de pessoas.
Sucessores dos “millennials”, os “zoomers” têm como marca o fato de pertencerem à primeira geração de nativos digitais, ou seja, tiveram contato com a internet e com o mundo on-line, desde cedo. E isso se reflete fortemente na forma como se relacionam com pessoas, marcas e produtos.
Compreender as novas gerações é um tema que tem dominado a mídia e, também, o varejo. Não à toa, o assunto foi debatido durante a NRF: 2025 Retail’s Big Show. No ano passado, o tema virou até um e-book, do Estadão: “Geração Z: um guia para entender esses jovens hiperconectados, que influenciam a sociedade com seus comportamentos e querem ser ouvidos”. Segundo o material, eles buscam um maior equilíbrio entre carreira e vida pessoal, priorizam a saúde mental, se preocupam com mudanças climáticas e falta de emprego.
Aos 30 anos, Adrileny Bogado, que faz parte do quadro do Grupo Pereira no Mato Grosso do Sul, integra a nova geração de mulheres do varejo alimentar. Sua trajetória fornece insights sobre quem são essas novas profissionais e shoppers do setor supermercadista.
Adrileny iniciou sua trajetória, aos 17 anos, no Grupo Pereira como jovem aprendiz na área de Recursos Humanos (RH). Ao longo dos anos, passou pelos cargos de assistente administrativo, analista de RH, analista de gente & gestão corporativa – treinamento e desenvolvimento e analista de gente e gestão pleno – projetos sociais até ocupar a posição atual de coordenadora de ESG.
A promoção como coordenadora aconteceu em setembro de 2022. Ela assumiu o setor no momento da criação dele. Então, participou de toda a estruturação, análise de matriz de materialidade e desenvolvimento dos compromissos de ESG para a companhia. Atualmente, Adrileny atua na implementação de projetos de cunho social e ambiental, gestão de resíduos, campanhas e ações alinhadas com o negócio, além de acompanhamento de indicadores.
“Quando comecei no varejo, fiz isso por indicação do meu irmão que me falou sobre as oportunidades do setor. Entrei sem muita pretensão, pensando no meu contrato de um ano.” E acrescenta. “Porém, já nos primeiros meses de empresa, eu me identifiquei. O varejo é muito dinâmico, você está sempre fazendo coisas diferentes. Então, para mim como mulher da geração Z, isso é muito importante: ter atividades e funções diversificadas, o que evita enjoar da sua função.”
Segundo a profissional, dentro do varejo, a parte de crescimento é muito grande, principalmente no Grupo Pereira que tem vivido um momento de grande expansão. “Há muitas chances. Com isso, as mulheres estão conquistando o seu espaço, incluindo as que são mais jovens. Então, as mulheres estão alcançando cargos de liderança com empenho e dedicação somadas às oportunidades que a empresa oferece. Pensar fora da caixa e ter criatividade são atitudes que facilitam o crescimento profissional nesse setor.”
Quando o assunto é ser uma cliente da geração Z, Adrileny se diz bastante satisfeita com a evolução do varejo nos últimos anos. No entanto, para ela, há pontos de melhoria em relação à parte de tecnologia. “Por exemplo, o uso de carrinhos que façam já a bipagem dos produtos de forma mais dinâmica, de leitores que possam identificar o produto e o preço e de QR Codes capazes de inserir informações importantes nos itens. Algumas empresas já fazem, mas é importante que isso seja cada vez mais comum no varejo. As possibilidades são imensas, então há sempre como evoluir.”
Em relação aos desafios, para a coordenadora de ESG, o maior deles é construir propostas que atendam a todas as bandeiras e as regionais do Grupo Pereira. Fundada em 1962, na cidade de Itajaí (SC), a companhia completou 62 anos de história em 2024. Atualmente, tem 22 mil funcionários nos estados de Mato Grosso, de Mato Grosso do Sul, de Goiás, de Santa Catarina, de São Paulo, do Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.
O Grupo Pereira tem mais de 140 unidades de negócio, incluindo lojas da rede de supermercados Comper, do Fort Atacadista (atacarejo), filiais do Atacado Bate Forte (atacadista de distribuição), unidades SempreFort (varejo farmacêutico), um Broker — distribuidor oficial da Nestlé —, agências de viagens, postos de combustível e um centro de distribuição (CD).
Além disso, o Grupo Pereira completa seu ecossistema de soluções ao incluir o braço logístico Perlog e os serviços financeiros da Vuon, que inclui o private label Vuon Card, com mais de 1 milhão de cartões emitidos, além de “gift cards”, seguros e assistência odontológica.