Por Renato Müller
O crescimento do uso de medicamentos que controlam o hormônio GLP-1 no organismo humano já tem um impacto marcante sobre o consumo de alimentos. Dados divulgados pela Big Chalk mostram que as vendas de alimentos perecíveis e industrializados nos Supermercados já foram impactadas em US$ 6,5 bilhões, com perdas que vão de 1,2% a 2,9% das vendas, dependendo da categoria.
Isso acontece porque o uso de medicamentos para controle da diabetes (muitos dos quais são usados para emagrecimento) afeta a disposição para o consumo de alimentos. De acordo com os dados da Big Chalk, os usuários de medicamentos de controle de peso são 65% mais propensos a diminuir o tamanho das porções de cereais, 48,5% a adquirir refeições prontas menores e 36,6% a reduzir as porções de refrigerantes.
Uma vez que 8,2% dos adultos americanos pretendem começar a usar medicamentos GLP-1 nos próximos 12 meses, a tendência é que a mudança nos padrões de consumo nos supermercados aconteça ainda mais fortemente a partir de agora. “Já estamos percebendo um impacto real nos volumes de vendas”, comenta Rick Miller, sócio da Big Chalk. Para ele, isso muda a discussão estratégica na indústria de bens de consumo. “O foco deixa de estar em quanto produto colocar em uma embalagem para oferecer mais por menos, pois cada vez mais consumidores não querem tanto produto para início de conversa”, diz.
Segundo a consultoria, marcas e varejistas precisam repensar seus sortimentos, precificação e promoções para atender consumidores que estão consumindo porções menores, mas aumentando a variedade do que comem. “Os medicamentos GLP-1 têm um efeito massivo em categorias como cereais, chocolates e doces, e esse efeito não irá diminuir ou desaparecer”, acredita Amanda Oren, VP de estratégia para a indústria de alimentos da Selex Solutions, que desenvolve soluções tecnológicas para a cadeia de suprimentos.