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Desperdício no Brasil pressiona inflação e gera gargalo econômico e social

Somente em relação a alimentos, cerca de 46 milhões de toneladas são desperdiçadas por ano, segundo o IBGE, o que representa 30% de toda a produção brasileira. Economia circular é saída viável, o que inclui conceito de "best before"

De Redação SuperHiper
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O descarte anual de alimentos e produtos em perfeitas condições de consumo no Brasil envolve cifras cuja referência é o milhar. Somente em relação a alimentos, cerca de 46 milhões de toneladas são desperdiçadas por ano, revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que representa 30% de toda a produção brasileira. Desperdício que pressiona a inflação e gera um gargalo econômico e social.

“Esses impactos se manifestam de diversas formas, em múltiplas dimensões: perda direta do valor dos produtos que são descartados, custos com transporte, movimentação dessas mercadorias, ineficiência no uso dos recursos produtivos, como terra, água, energia e mão de obra. E ainda há as externalidades ambientais, por exemplo, emissões de gases nocivos e pressão sobre os recursos escassos”, afirma o professor da FIA Business School, Claudio Felisoni. Ele estima perdas entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões por ano em alimentos e bens de consumo, o equivalente a até 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Ainda de acordo com Felisoni, há uma forte correlação entre as vendas de alimentos e a inflação, superior a 70%. Ele sugere que o desperdício nesse segmento tem um impacto significativo, pressionando os preços e gerando ineficiências sistêmicas que afetam, certamente, toda a economia com o aumento dos preços.

Para enfrentar esse cenário, o especialista vê a economia circular como alternativa capaz de reverter esses prejuízos e os impactos na sociedade. O modelo consiste em evitar o descarte e reinserir produtos excedentes ou próximos do vencimento na cadeia de consumo, com benefícios que vão da geração de empregos à redução de impactos ambientais.

Esse entendimento vem ao encontro das propostas do 5º Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento (FCNA) ABRAS, realizado no dia 10 de junho, em Brasília. Durante o evento, foi apresentado o Manifesto Coletivo de Apoio ao Fórum, assinado pelas 16 entidades que integram a iniciativa.

Entre as propostas que compõem o documento e foram debatidas durante a quinta edição do FCNA ABRAS, está a redução do desperdício por meio da adoção do conceito “best before”, a partir de uma mudança nas regras atuais envolvendo o prazo de validade de alimentos. Isto é, a adoção do prazo de consumo preferencial para produtos não perecíveis, uma prática já consolidada no exterior, que pode reduzir o descarte de milhões de toneladas de comida segura no Brasil. Além disso, na avaliação dos participantes do Fórum, combater a fome significa desperdiçar menos, e isso exige mais incentivos na hora de transformar o que seria perda em fonte de nutrição segura. Na prática, a doação de alimentos é um investimento social que demanda mudanças na tributação atual e a adoção de leis mais justas para todos.

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