Por Renato Müller
Apesar da perda de poder aquisitivo nos últimos anos e das incertezas geopolíticas, os consumidores europeus parecem estar mais dispostos a gastar em pequenos prazeres. Um estudo realizado pela Circana mostra que tem havido uma reorientação dos gastos em milhões de residências no Velho Continente para categorias como alimentos, perfumes e brinquedos.
Um bom exemplo é a “snackificação” das refeições: pequenas doses de prazer em meio à correria do dia a dia. Quase um a cada 8 europeus (13%) substitui refeições completas por snacks e 28% incorporam esses itens aos pratos principais. Com isso, o gasto em comidas em porções individuais alcançou 64 bilhões de euros em 2024, com expansão de 4,5% nos restaurantes e de 9,6% no varejo alimentar.
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“As pessoas têm buscado mais controle de seus gastos. Assim, preferem gastar menos, mas gastar em coisas que tragam satisfação”, analisa Ananda Roy, vice-presidente senior de Strategic Insights da Circana. Outra forma de trazer pequenos prazeres para o dia a dia é usar o delivery: esse modelo de entrega conveniente de refeições movimentou 29 bilhões de euros em 2024 na Europa, contra 26 bilhões de euros no ano anterior.
Nas refeições, uma estratégia relevante para economizar tem sido a combinação de um pedido principal de um restaurante com entradas, sobremesas ou bebidas adquiridas em supermercados – uma forma de reduzir custos sem sacrificar o prazer.
A valorização do dinheiro também colocou em foco uma prática comum no mercado brasileiro: levar as sobras do restaurante: 20% dos europeus fazem isso, seja para economizar ou para reduzir o desperdício de alimentos. Um gesto que tem um componente econômico e também revela um aumento da consciência ambiental.