Por Renato Müller
Nos Estados Unidos, a Black Friday nunca foi uma data quente para as redes de supermercados. Para elas, os dias anteriores, no aquecimento para o feriado de Ação de Graças, são muito mais fortes. Entretanto, neste ano a combinação de orçamento apertado e inflação trouxe uma mudança nos padrões de consumo – e tornou a Black Friday mais interessante para as empresas do setor.
De acordo com dados preliminares divulgados pela RetailNext, o fluxo de consumidores no varejo como um todo recuou 3,2% entre a Black Friday de 2023 e de 2024. A conclusão da empresa é que a alta do custo de vida colocou pressão sobre os consumidores, afetando seu consumo de itens não essenciais. As vendas de itens de saúde e beleza recuaram 5,8% na comparação anual, enquanto as de itens para casa caíram 4,9%.
A Black Friday foi muito mais forte no varejo online do que nas lojas físicas. Segundo a Signifyd, os consumidores americanos gastaram nesta Black Friday cerca de 4 vezes mais que em um dia comum, gerando um aumento de 5% nas vendas em relação a 2023. As vendas de itens de bazar saltaram 17%, enquanto os alimentos tiveram expansão de 11% no varejo digital durante a data promocional. Por outro lado, eletrônicos tiveram um recuo de 6% e beleza e cosméticos caíram 17% na comparação anual.
Assim como vem acontecendo no mercado brasileiro, o varejo tem maximizado as oportunidades na Black Friday estendendo o período promocional para os dias e semanas anteriores à data – o que também torna mais morna a comparação direta entre a última sexta-feira de novembro de cada ano. “A ampliação do período promocional torna a Black Friday propriamente dita menos importante no contexto geral, pois as vendas se diluem por todo o mês”, disse o head global de Analytics da RetailNext, Joe Shasteen.