Crash do sistema financeiro americano dificulta a vida de empresas de tecnologia com soluções para o setor de alimentos
Por Renato Müller
Uma das consequências do colapso do Silicon Valley Bank, banco americano que passou por uma crise de liquidez na semana passada e deverá ser resgatado pelo governo dos EUA, é o aperto das condições financeiras das startups que tinham recursos depositados na instituição financeira. O que inclui empresas que oferecem soluções para redes de supermercados e que já avaliam até mesmo a possibilidade de pedir falência.
Um exemplo é a Boxed, de Nova York. A empresa, focada na venda de hortifrutis em grande quantidade para o varejo, soltou um comunicado nesta semana dizendo que encontra dificuldades com seu fluxo de caixa, uma vez que a maior parte de seus recursos estava no SVB, mas que já conseguiu transferir uma parcela significativa para outras instituições.
Um dado que mostra o quanto o crash do SVB foi espetacular é o fato de que a instituição fazia negócios com cerca de metade das startups de tecnologia americanas e que tinha sido considerada pela Forbes, apenas um mês atrás, como o 20º melhor banco americano, com cerca de US$ 213 bilhões em ativos.
Na semana passada, a Shelf Engine, startup que usa Inteligência Artificial para prever a demanda por itens de supermercado, tentava sacar dinheiro de sua conta no SVB para pagar os funcionários. Segundo seu CEO, Stefan Kalb, apesar da corrida dos correntistas para fazer saques depois que os boatos sobre a liquidez do SVB começaram, a empresa conseguiu transferir cerca de US$ 60 milhões para uma nova conta no JPMorgan Chase e, pelo menos por enquanto, continua no mercado. “O maior problema é a quebra de confiança. Para as startups, essa é uma questão fundamental”, afirma Kalb.