Por Renato Müller
Os supermercados são o segmento mais dinâmico e importante do varejo em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) mostram que mais da metade das 300 maiores empresas do varejo são supermercadistas.
Com tamanha relevância, o setor também tem um impacto social importante, pois oferece acesso a alimentos e outros gêneros de primeira necessidade. Por isso, a ausência de supermercados em uma determinada região pode se tornar uma questão de saúde pública.
Nos Estados Unidos, a presença de “desertos alimentares” (regiões onde não existem supermercados ou outros formatos de varejo que ofereçam opções saudáveis de alimentos) vem se tornando uma questão cada vez mais séria, a ponto de gerar ações que contrariam o princípio de livre mercado.
Em Chicago, terceira maior cidade americana, a abertura de supermercados pela prefeitura deixou de ser uma especulação para se tornar uma possibilidade. Um estudo conduzido pela consultoria HR&A concluiu que a presença de lojas dirigidas pelo governo é “necessária, factível e implementável”, uma vez que vários bairros da cidade não têm acesso a alimentos frescos, pois as redes de supermercados não encontram uma boa relação risco/retorno ao investir nessas regiões.
O prefeito de Chicago, Brandon Johnson, lançou a ideia de um supermercado da prefeitura em 2023, em uma parceria com a ONG Economic Security Project. A ideia é que a prefeitura faça parcerias com instituições sem fins lucrativos que façam a gestão das lojas. A HR&A estima que o custo da abertura de uma rede de três pontos de venda ficaria em torno de US$ 30 milhões.
Para o chefe de polícia de Chicago, S. Mayumi Grigsby, a prefeitura deveria avançar nesse projeto. “Acredito que as opções públicas podem aumentar o acesso, reduzir os preços e oferecer mais serviços em regiões nas quais a prefeitura deveria dar foco e liderar o caminho da modernização”, disse.
O próximo passo nesse projeto depende de a prefeitura finalizar uma proposta e conseguir os recursos financeiros necessários. Caso a iniciativa saia do papel, será a primeira vez que uma grande região metropolitana americana contará com um supermercado com administração pública.
