Ao mesmo tempo em que compras digitais continuam firmes no pós-pandemia, aperto financeiro leva a busca por pagamentos parcelados
Por Renato Müller
A participação do buy now pay later (BNPL) como meio de pagamento nas compras online subiu 40% no varejo alimentar americano nos dois primeiros meses de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado. O dado é de um relatório divulgado pela Adobe Analytics, indicando que os consumidores continuam procurando esticar ao máximo seus orçamentos para lidar com os efeitos da inflação.
O conceito do BNPL é até natural para o consumidor brasileiro: fazer pagamentos de compras de forma parcelada. A ideia é uma novidade em mercados que não tiveram uma história inflacionária, como os EUA e a Europa Ocidental – e que sempre pagaram compras à vista ou usaram o rotativo dos cartões, que não apresentavam taxas exorbitantes.
Com a aceleração digital e a alta da inflação, o BNPL passou a ser uma ferramenta importante dos consumidores na tentativa de equilibrar seus orçamentos. Segundo o estudo da Adobe Analytics, os consumidores gastaram US$ 86,8 bilhões em compras online de alimentos em 2022, um crescimento de 10,8% sobre o ano anterior. E em 2023 o ritmo de alta vem sendo ainda maior: em fevereiro, a expansão foi de 26,7%, para US$ 8,4 bilhões.
“A demanda pelo varejo online se manteve resiliente em um ambiente econômico incerto, impulsionado em parte pelas mudanças de comportamento dos consumidores e também pela possibilidade de obter melhores condições de preço e parcelamento no ambiente digital”, afirma Vivek Pandya, analista-líder da Adobe Digital Insights.