Procura disparou na pandemia e indústria moderniza os lançamentos que reforçam o sistema imunológico
Nos quase dois anos convivendo com a covid-19, o brasileiro mudou sua forma de trabalhar, e o home office ganhou muitos adeptos. Também mudou sua forma de comprar e cada vez mais itens da lista passaram a ser comprados pela internet, até mesmo mercado. Mas os impactos se estenderam, também, à mesa.
Mais da metade (58%) dos brasileiros aumentou o consumo de produtos que reforçam o sistema imunológico, outros 39% desejam fazer isso. Além disso, quase 60% manterão o volume de compra de produtos funcionais. Os dados são da nova edição da pesquisa anual de tendências feita empresa de embalagens para alimentos e bebidas Tetra Pak, em que 2300 brasileiros foram ouvidos.
“Essa tendência por produtos mais funcionais vinha acontecendo, mas foi intensificada pelo cenário da covid, principalmente a busca por alimentos de imunidade”, diz Vivian Leite, diretora de marketing da Tetra Pak.
Segundo Vivian, quando se trata de bebidas funcionais, o grande destaque é o suco, com 50% das respostas. Em seguida, aparecem os produtos lácteos fermentados com 37% das preferências e as bebidas lácteas com alto valor de proteína, vitaminas e/ou cálcio, com 31%.
Para os respondentes da pesquisa, o produto ideal para aumentar a imunidade deve ser: enriquecido com vitaminas, frutas cítricas, mel, zinco, fibras; livre de ingredientes artificiais; e causar sensação de energia.
“O consumidor já tem uma noção boa do que pode trazer mais imunidade”, diz Vivian.
Ela destaca, no entanto, que o maior desafio é conseguir transmitir essas informações no rótulo do produto, cuja clareza foi um dos pontos citados como essenciais em um produto ideal.
A Tetra Pak não divulga resultados no Brasil. Em 2020, a operação global faturou 10,8 bilhões de euros. Os números de 2021 ainda não foram publicados pela companhia.
De acordo com Vivian, em 2021 a operação brasileira (segunda maior do grupo, atrás apenas da China) registrou recuperação de algumas categorias, vendendo mais embalagens para sucos e água de coco, que foram produtos muito afetados durante 2020. Leites, que tinham crescido fortemente durante o primeiro ano da pandemia, agora têm leve retração.
“Começamos a ver alguma queda, muito ligada à questão de preços, que subiram.”
Dados internos e de consultorias apontam, porém, que os destaques são mesmo as bebidas das categorias não tradicionais. A projeção, de acordo com a executiva, é de que as vendas de bebidas vegetais e bebidas protéicas tenham crescido 9,8% e 15,7%, respectivamente, em 2021.
Também de olho nessa demanda, a marca de cafés em cápsula Nescafé Dolce Gusto, da Nestlé, está ampliando seu portfólio de bebidas funcionais, naturais e veganas. Hoje, ao menos 25% do catálogo (que tem 36 itens) têm essas características.
“Dos nossos projetos de inovação, 50% estão nessa linha. São grandes volumes? Não, mas crescem muito mais. Hoje é muito mais interessante trazer um chá funcional ou café com dupla cafeína”, diz Tiago Buischi, gerente executivo de marketing de Nescafé Dolce Gusto.
A empresa incluiu recentemente no catálogo as cápsulas Double Shot, com duas vezes mais cafeína, e chás funcionais da Nature Heart´s, como o ‘Zen Style’, que combina chá de camomila, maracujá e chá branco ou o ‘Power Tea’, de chá verde, abacaxi e gengibre.
De acordo com Buischi, chás funcionais eram a segunda opção mais pedida pelos clientes em pesquisas da empresa. Bebidas energéticas também estavam entre as cinco mais votadas. “Ainda representa pouco das vendas, mas crescem três vezes mais do que os cafés comuns do portfólio.”
A marca já tem dois novos sabores na linha de funcionais e naturais a serem lançadas no primeiro semestre de 2022 e estuda, para o futuro, opções de bebidas protéicas em cápsula para serem feitas nas máquinas da Dolce Gusto.
A Nestlé também não divulga dados específicos da operação nacional, tampouco exclusivos da Dolce Gusto, mas em seu relatório de resultados de janeiro a setembro aponta que as vendas da marca registraram crescimento de dois dígitos na América Latina. No período, o bloco de países das Américas teve 24,6 bilhões de francos suíços.
Fonte: Por Raquel Brandão, Valor