Uma pesquisa da fintech Onze revelou que 14% dos brasileiros pretendem usar o 13º salário em apostas, enquanto 2% já utilizaram vale-alimentação para esse fim. Além disso, mais de um terço aposta regularmente em plataformas de “bets”, e 44% utilizam cartão de crédito para jogar. O levantamento foi realizado com 1.296 pessoas.
Em relação aos gastos, 43% desembolsam menos de R$ 100, e apenas 4% gastam mais de R$ 5 mil. A pesquisa destacou o perfil dos apostadores: 43% têm entre 33 e 42 anos, 35% possuem Ensino Médio completo e 33% têm curso superior.
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Além disso, 39% relataram impactos negativos na saúde emocional devido às apostas. A prática também revelou pouca ação empresarial no suporte aos trabalhadores, apesar de 61% desejarem apoio das empresas, enquanto apenas 5% oferecem iniciativas.
Previdência
O Ministério da Previdência Social pode proibir o uso de aposentadorias e pensões em sites de apostas esportivas, as “bets”. De acordo com o ministro Carlos Lupi, uma alternativa legal ainda está sendo estudada e ele espera colocá-la em prática “o mais rápido possível”:
Lupi argumentou que a medida seria semelhante à proibição do uso dos benefícios assistenciais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada – BPC. Ele acrescentou que os bancos têm mecanismo para evitar que os clientes consigam fazer transferências para os sites de aposta: “O banco separa todos os pagamentos. Se você pega seu extrato está lá: mercado, compras, luz. Se proibir, o próprio sistema consegue coibir isso”.
De acordo com Lupi, a equipe jurídica do Ministério está avaliando se a proibição pode ser feita diretamente pelo Instituto Nacional de Seguridade Social, via portaria, ou se precisa ser avaliada pelo Conselho Nacional da Previdência.
Irregularidades
Pelo menos 33 empresas de apostas on-line registradas no Sistema de Gestão de Apostas (Sigap) do Ministério da Fazenda teriam sido abertas por brasileiros recrutados como “laranjas” de operadoras da China – que estão sendo chamadas pelo mercado de “bets chinesas”.
O levantamento faz parte de uma apuração publicada na segunda (2) pelo Estadão que aponta, ainda, que muitas delas operam sem transparência sobre os mecanismos de apostas e não seguem os mínimos padrões internacionais de conformidade, segundo a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL).
O governo estabeleceu um período de adequação até 31 de dezembro e exigiu o pagamento de R$ 30 milhões por licença. Em comum a quase todas as empresas identificadas como “bets chinesas” estão o uso de nomes que mesclam letras e números, além de operarem jogos como o do Tigrinho, – um dos alvos da “CPI das Bets” aberta no Senado.
Parte dos operadores dessas “bets” está baseada no exterior, incluindo países asiáticos e do Leste europeu, enquanto outros residem no Brasil. Entre os responsáveis pelo esquema, a apuração encontrou dois estrangeiros que contrataram brasileiros para abrir ao menos 30 empresas no País.
Fontes: Farol da Bahia/ Agência Brasil/ Gazeta do Povo