Há mais de 40 anos, uma banda brasileira já antecipava, em uma de suas letras de grande sucesso — “a gente não quer só comida” —, aquilo que seria tendência entre os brasileiros em 2025. Ou seja, o interesse crescente dos consumidores do País por autocuidado, o que representa uma grande oportunidade no presente para os supermercados, tanto em relação a categorias de higiene oral (escovas de dente, enxaguatório bucal, creme e fio dental) e de proteção solar, bem como para medicamentos sem prescrição médica, no futuro.
Atualmente, o Congresso Nacional analisa o PL 2.158/2023, um projeto de lei que permite a venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em lojas do varejo alimentar que tenham um farmacêutico responsável — uma medida que tem o apoio da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS).
Prévia de uma pesquisa inédita divulgada pela Kenvue no Brasil, “New View of Care”, mostra que 56% dos brasileiros planejam aumentar seus gastos com sua rotina de cuidados, frente a um índice global de 40%. Além disso, 48% têm a intenção de dedicar mais tempo para isso. Ainda segundo o levantamento, que ouviu 10 mil pessoas em dez países, só 56% dos brasileiros afirmam que se sentem bem mental e fisicamente. O material teve por objetivo analisar a mudança cultural de como o autocuidado é percebido e praticado atualmente.
Portanto, a saúde é um conceito em evolução no mundo, que tem se tornado cada vez mais amplo, englobando corpo, mente, imagem e estilo de vida. Isto é, bem-estar integral.
De acordo com a pesquisa, a maioria das pessoas começa sua rotina de autocuidado no início da vida adulta, entre 19 e 34 anos. Em âmbito global, 59% dos entrevistados se arrependem de não ter começado antes. No Brasil, esse número sobe para 70%: somente 7% sentem que iniciaram na hora certa.
O levantamento revela ainda que 47% dos brasileiros declaram adotar cuidados para prevenir problemas de saúde, ante 31% na Europa. Contudo, a penetração de analgésicos e antigripais no Brasil é de 70%, enquanto a de vitaminas alcança 28%.
Isso reforça um desafio para as chamadas categorias preventivas como um todo, o que inclui enxaguatórios bucais e proteção solar. Embora a maioria das pessoas reconheça os benefícios da proteção solar, apenas 26% consideram isso essencial na América Latina.
A divulgação da prévia da pesquisa faz parte das comemorações do Dia Internacional do Autocuidado, criado em 2011 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e celebrado na última quarta-feira (24). Além dos benefícios para quem adota essa prática — tanto para a saúde física quanto mental —, o autocuidado traz vantagens socioeconômicas, uma vez que alivia os sistemas públicos de saúde. E, claro, representa uma oportunidade para o varejo alimentar e seus fornecedores na ampliação da oferta de categorias e itens voltados a esse fim para os consumidores.