De início, a sócia Anitta será a cara da foodtech de plant based no Brasil
De peruca verde e traje caipira-futurista, Anitta é a nova cara da Fazenda Futuro, startup que produz alternativas a carnes a partir de ingredientes vegetais e já vale R$ 2,2 bilhões.
Além de estrelar a nova campanha, a cantora se tornou sócia de Marcos Leta na empresa, investindo sua imagem para ampliar o alcance do hambúrguer vegetal.
Também conselheira e garota propaganda do Nubank, Anitta se junta a uma sociedade que inclui BTG Pactual, XP, Enfini Investments, Rage Capital, Monashees e Go4it Capital — sócios investidores que aportaram R$ 415 milhões no negócio nos últimos dois anos.
Anitta já flertou com o veganismo, mas hoje é “flexitariana”: vem reduzindo o consumo de carne como forma de dar uma contribuição para a causa ambiental. Este é o grande público que a Fazenda Futuro hoje alcança, não se restringindo aos veganos mais radicais.
O namoro de Anitta com a Fazenda Futuro vem desde a origem do negócio, lançado em 2019, com a marca fornecendo produtos para os eventos promovidos pela cantora.
— No ano passado começamos a conversar sobre a possibilidade de fazer algo maior, com ela entrando de sócia e atuando em projetos específicos de inovação e marketing, ajudando a consolidar o consumo de alimentos plant based — diz Leta, fundador e CEO da Fazenda Futuro, que tem no currículo empreendedor a marca sucos Do Bem, vendida para a Ambev em 2016.
Em entrevista, Anitta diz que compartilha “dos mesmos propósitos” da Fazenda Futuro e que, como empresária, deve contribuir “sempre que necessário” para a gestão dos negócios. — Estou na Fazenda Futuro para somar — diz ela.
De início, Anitta vai ser a cara da marca no Brasil. Não está descartada sua participação em campanhas no exterior, em mercados em que ela tenha relevância como artista.
A Fazenda Futuro foi responsável por introduzir a categoria de proteínas à base de plantas no país, fenômeno que ganhou força com o crescimento do veganismo, sobretudo entre os mais jovens, motivado pelo impacto ambiental da pecuária e pela pressão do movimento em defesa dos direitos dos animais.
A empresa iniciou sua expansão internacional com a marca Future Farm no ano passado e hoje está presente em 30 países, incluindo Europa e EUA. Com o consumo da categoria mais avançado lá fora, as vendas internacionais crescem mais rapidamente e já representam quase 65% do negócio.
— Aqui no Brasil ainda temos um caminho de conscientização desse consumo. E como a Anitta tem uma ressonância muito maior do que a categoria, ela vem pra somar, engajar esse consumidor — diz Leta.
Distribuindo seus produtos para mais de 3 mil restaurantes e grandes redes de varejo, físico e virtual, a Fazenda Futuro vem dobrando seu faturamento a cada ano. Hoje são 190 unidades distintas de produtos, com alternativas para hambúrguer, carne moída, almôndega, linguiça, salsicha, frango e atum. Em breve, deve chegar ao mercado alternativas ao leite e seus derivados.
A empresa se capitalizou em outubro do ano passado com uma rodada de R$ 300 milhões — recursos que, segundo Leta, serão suficientes para suportar o crescimento do negócio e a expansão internacional “por alguns anos”, atravessando, portanto o período de vacas magras da indústria do venture capital.
Com a nova sociedade, Anitta entra para o rol de celebridades internacionais que estão investindo no negócio “plant based”, seja aportando capital ou trocando exposição de marca por participação acionária.
A concorrente americana Beyond Meat tem o rapper Snoop Dogg e o ator Leonardo DiCaprio como sócios-investidores e anunciou esta semana a contratação de Kim Kardashian como “consultora chefe de sabor”. Katy Perry, Serena Williams e Jay-Z aportaram recursos em rodadas de investimentos na também americana Impossible Foods.
A seguir, uma pequena entrevista com Anitta, concedida por email:
Por que se associar à Fazenda Futuro?
É a primeira vez que me torno sócia em uma empresa de alimentos. E o que é melhor, com tecnologia alimentar que faz bem para nós e para o meio ambiente. Isso também responde porque escolhi a Fazenda Futuro. Além disso, compartilhamos dos mesmos propósitos.
Qual vai ser o seu papel na Fazenda Futuro?
Sou sócia. Tenho experiência em gestão. Sou empresária. Participarei sempre que necessário na gestão dos negócios. Estou na Fazenda Futuro para somar.
Como compara seu papel no Nubank e na Fazenda Futuro?
Cada trabalho é único em cada uma das empresas com as quais me relaciono. No caso da Fazenda Futuro, estarei disponível para contribuir com minha experiência como empresária, nos meus conhecimentos de marketing e etc, e para ajudar na democratização e crescimento da categoria no Brasil. Faço parte da família agora.
Você foi vegana, depois voltou a comer carne. Como é a sua alimentação hoje?
Fui vegana durante um ano. Mas, com a correria do meu trabalho, não consegui manter. Depois disso, diminuí drasticamente o consumo de produtos de origem animal, como carne e hambúrguer. Tenho a oportunidade de ter um chef de cozinha comigo, que cria receitas e fecha meu cardápio diariamente. Meu brigadeiro já flerta com o veganismo. Rs. Já sabemos que grande parte da indústria que utiliza animais acaba sendo responsável pela poluição do nosso planeta, o que acarreta vários problemas ambientais, como o aquecimento global, por exemplo. Ter opção de não comer, sendo ela prática e saborosa, pode contribuir e muito para um futuro melhor.
Fonte: Mariana Barbosa – Capital, O Globo