Mesmo com alta dos preços, esforço dos supermercados em trazer inovação às marcas próprias amplia oferta de produtos com apelo saudável e sustentável
Por Renato Müller
A inflação no varejo americano está cobrando seu preço nas decisões de consumo dos clientes, até mesmo em categorias mais ligadas a valores e propósito – como é o caso dos alimentos saudáveis. Esse é um segmento que teve um grande crescimento nos últimos anos, uma vez que a pandemia aumentou a atenção das pessoas sobre aspectos como a qualidade de alimentação e do bem-estar.
“Os consumidores hoje têm uma visão muito mais ampla sobre o que significa bem-estar e saúde. Não se limita apenas aos alimentos: falamos hoje em saúde mental, física e social. E tudo isso impacta o consumo”, diz Steve Markeson, vice-presidente de Pesquisas & Insights do FMI – Food Industry Association.
Embora diferentes categorias tenham crescido nos últimos três anos, o tema da nutrição continua sendo top of mind para os clientes, mesmo com o aumento dos preços. “O que tem ocorrido é que os consumidores têm sido mais flexíveis na compra de produtos saudáveis, o que em parte leva ao aumento das vendas de itens de marca própria”, comenta o executivo.
Além disso, mesmo em alimentos com um posicionamento saudável, as promoções e ofertas continuam tendo um papel relevante. “Os consumidores têm buscado descontos em todas as categorias – e nos alimentos saudáveis não é diferente”, afirma. Nesse processo, têm visitado mais lojas, buscando oportunidades em cada ponto de venda, ao mesmo tempo em que se mostram mais preocupado com o desperdício de alimentos – que significa dinheiro jogado fora.
Produtos de marca própria têm se mostrado como uma oportunidade de fidelização dos consumidores. “As empresas têm procurado inovar bastante e criar várias faixas de preço para seus produtos, às vezes competindo de igual para igual com marcas líderes”, afirma Markeson. “Com essas inovações, também reforçam aspectos como a sustentabilidade e os benefícios nutricionais dos alimentos, atraindo uma gama de consumidores preocupada com essas questões”, completa.