Home SeçõesNegócios Alerta meteorológico: entre no clima e venda mais no outono

Alerta meteorológico: entre no clima e venda mais no outono

Previsão é de menos calor, porém mais chuvas no litoral do PR, de SP e do RJ no início da nova estação

De Redação SuperHiper
0 Comentário

Por Giseli Cabrini

Entrar no clima, ou seja, se preparar para as oscilações de temperatura e ocorrência de chuvas em virtude da troca de estações do ano — primavera, verão, outono e inverno — já faz parte do dia a dia do varejo alimentar. Isso é fundamental para ações, como definição de sortimento, logística e operação (abastecimento/ reposição) das lojas físicas. Mas, também, traz oportunidades para o e-commerce e é, claro, para os parceiros: a indústria.

Diante disso, a Climatempo criou o projeto integração de inteligência climática. Trata-se de fornecer informação às áreas de marketing e operações, contribuindo com insights para o planejamento e a tomada de decisões estratégicas.

Segundo a empresa especializada em serviços de meteorologia, é sabido que o clima influencia o estado emocional do consumidor, afetando a sua intenção de compra. Por exemplo, cada aumento de 0,5 grau Celsius na temperatura média diária, pode levar a uma elevação de cerca de 1,5% nas vendas de cerveja.

Outros estudos comprovam também o impacto das condições climáticas sobre os canais de vendas. Em dias chuvosos ou de calor intenso, as vendas on-line podem aumentar até 12%, à medida que as pessoas preferem fazer compras em casa.

Assim, a inteligência climática busca analisar e cruzar dados sobre o clima, o fluxo de clientes em lojas e os produtos mais procurados a fim de entender melhor a jornada do público consumidor e seus impactos sobre os canais físicos e digitais, bem como auxiliar os varejistas a prever vendas e gerir estoques.

Na avaliação do grupo Heineken, a chegada do outono traz consigo uma transição nos hábitos de consumo e isso gera oportunidades tanto para a indústria quanto para o varejo. Segundo a empresa, esse cenário permite explorar as expectativas e as preferências sazonais dos consumidores, que buscam experiências mais sensoriais e diversificadas, alinhadas às características da estação.

No caso específico de companhias de bebidas, a diversificação do portfólio torna-se fundamental, especialmente com a inclusão de produtos que correspondam às preferências sazonais. “Para esse período, marcas, como Eisenbahn, Blue Moon, Lagunitas e Baden Baden, podem atender a todas as demandas de mercado, alinhadas ao clima mais ameno da estação”, afirma o diretor nacional de Vendas Off Premise do grupo Heineken, Ricardo Sabatine.

Estratégias

O executivo listou algumas das principais estratégias para o período:

Promoções de produtos típicos da estação, por exemplo, cervejas artesanais e rótulos mais encorpados. Estratégias, como cashback, programas de fidelidade e ofertas progressivas, incentivam a recompra e aumentam o tíquete médio dos clientes. Em paralelo, promoções combinadas, como descontos na compra de packs ou kits harmonizados com queijos e embutidos, podem estimular a experimentação de novos produtos.

Exposição estratégica a partir de espaços temáticos para o outono, posicionando cervejas artesanais ao lado de produtos complementares, como chocolates, queijos e embutidos, facilita a decisão de compra e incentiva o consumo por ocasião. Além disso, investir em ilhas promocionais e gôndolas específicas para lançamentos da estação pode gerar maior visibilidade e conversão.

Parcerias com fornecedores e ativações no ponto de venda. Supermercados podem negociar condições especiais para lançamentos sazonais, viabilizando preços promocionais e brindes exclusivos. Adicionalmente, promoções com premiações, como sorteios e brindes na compra de determinadas quantidades, prometem impulsionar o volume de vendas.

Eventos temáticos para degustações e harmonizações. Além disso, a presença de sommeliers ou especialistas durante os eventos agrega valor e gera um diferencial competitivo para a loja.

Campanhas sazonais e comunicação estratégica. Supermercados podem investir em materiais promocionais que explorem rituais de consumo do outono, como harmonizações com pratos mais encorpados e a valorização de ingredientes típicos da estação. Pontos extras de exposição, banners e campanhas digitais direcionadas são estratégias eficazes para reforçar a mensagem e atrair o consumidor.

Como será o outono

E se você está curioso para saber como será o outono 2025, isto é, como ficarão as temperaturas e as chuvas, confira, a seguir, entrevista exclusiva de SuperHiper com meteorologista da Climatempo Vinícius Lucyrio e o head comercial de Infra da empresa, Thiago Aires.

O que esperar do clima no outono em todo o Brasil: regiões Norte/ Nordeste/ Sul/ Sudeste e Centro-Oeste?
Vinícius Lucyrio: na Região Norte, a tendência é que os volumes de chuvas fiquem um pouco acima da média na maioria das áreas, inclusive até junho, favorecendo uma cheia maior que a do ano passado nos rios da região.

No Nordeste, a máxima aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) contribui para altos volumes de chuva em toda a costa norte, mas no decorrer do outono a chuva diminui gradualmente. Na faixa leste, a chuva começa a aumentar principalmente na Bahia e Sergipe em abril, e, de maio em diante, entre Alagoas e o Rio Grande do Norte. Já no interior, o tempo vai ficando mais seco conforme o outono avança, e o calor aumenta especialmente no oeste da Bahia, sul do Maranhão e do Piauí. No Centro-Oeste, o tempo seco favorece elevação das temperaturas no norte de Mato Grosso e Goiás, com dias de calor intenso. No Sudeste — principalmente São Paulo, sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro — massas de ar frio provocam quedas mais expressivas de temperatura. Há possíveis períodos de calor intenso ainda em abril, mas a temperatura varia mais que no ano passado, com mais dias frios. O tempo fica seco, mas nada excepcional.

Na Região Sul, o aumento do contraste térmico deixa o ambiente propício a fortes temporais. As frentes frias ficam mais comuns, e a temperatura varia bastante. Períodos de frio intenso ocorrem mais vezes que no ano passado. Porém, principalmente no Paraná, picos de calor intenso ainda ocorrem em abril. A chuva é mais irregular, mas tende a ficar entre a média a um pouco acima no Rio Grande do Sul e Meio-Oeste catarinense.

Durante o outono deste ano, está prevista a ocorrência de algum fenômeno climático, como El Niño/ La Niña? Em caso afirmativo, qual o impacto disso para o clima do País?
Neste outono, passaremos novamente para uma condição de neutralidade no Pacífico Equatorial, portanto sem grandes influências desta região sobre o clima no País. Algum efeito remanescente do La Niña pode se manifestar na frequência de frentes frias, que passam mais vezes que em 2024 pelo Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste. No Norte e Nordeste, o fenômeno induz aumento nos volumes de chuva.

Durante o outono deste ano, há previsão de variações intensas de tempo e clima, como novas ondas de calor ou estiagem fora do normal?
Períodos de calor intenso ainda podem ocorrer ao longo de abril sobretudo no Centro-Oeste e parte do Sudeste. Isto é, não se pode descartar ondas de calor, porém este risco é menor que em 2024. Também não há expectativa de estiagem severa, mas deve-se atentar para o risco de chuvas extremas no litoral do Paraná, de São Paulo e Rio de Janeiro durante a passagem das primeiras frentes frias do outono.

De que forma o varejo alimentar pode usar a meteorologia a seu favor pensando nos seguintes pontos: o fluxo de clientes, o mix a ser ofertado, a logística (carga/ descarga) e a operação nas lojas (abastecimento e exposição)?
Thiago Aires: o fluxo de clientes em lojas físicas está diretamente ligado às condições climáticas. Dias chuvosos e temperaturas extremas tendem a reduzir o movimento, enquanto períodos de clima ameno favorecem maior circulação de pessoas. Antecipar essas variações permite um ajuste na escala de funcionários, garantindo um atendimento mais eficiente. A previsão meteorológica possibilita uma gestão de estoques mais inteligente, evitando tanto rupturas quanto excessos que resultam em perdas. Na logística de carga e descarga, eventos climáticos severos, como chuvas intensas, ventos fortes ou ondas de calor extremo, podem impactar a segurança e a eficiência das operações. Ao utilizar dados meteorológicos, pode-se ter um melhor planejamento ajustando os horários de entrega e evitar atrasos e perdas de mercadorias sensíveis às variações de temperatura, por exemplo. E, nas lojas, com a previsão do tempo, os gerentes podem organizar melhor a reposição de itens sazonais, destacando produtos que terão maior demanda de acordo com as condições previstas. Além disso, a climatização do ambiente e a disposição de artigos frescos podem ser ajustadas para garantir melhor conservação e experiência de compra para os clientes.

Leia Também

Publicação oficial da  Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS)

SuperHiper é a publicação oficial do setor supermercadista, produzida pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) há 50 anos. É uma importante ferramenta utilizada pela entidade para compartilhar informações e conhecimento com todas as empresas do autosserviço nacional, prática totalmente alinhada à sua missão de representar e desenvolver os supermercados brasileiros.

Leia a última edição

Abras

Super atualizada. Hiper Conectada