Por Renato Müller
As posições políticas das marcas podem ter menos influência nas decisões de compra dos consumidores do que muita gente pensa. Pelo menos essa é a conclusão de um estudo feito pela MarketSight com mais de 1.000 consumidores a pedido do Sitejabber, um agregador americano de reviews de clientes.
Segundo o levantamento, 62% dos consumidores se importam muito pouco (ou nada) com a afiliação política de uma marca e 32% dizem que o apoio partidário de uma empresa não tem influência nenhuma sobre as decisões de compra. Por outro lado, 30% dos consumidores boicotaram uma marca por causa de questões políticas nos últimos 12 meses.
Com a aproximação das eleições presidenciais americanas, 41% dos consumidores dizem preferir que as empresas mantenham para si suas posições políticas. “Nestes tempos em que os EUA andam tão divididos, é um alívio ver que os sentimentos políticos podem não ter tanto impacto nas decisões de compra quanto a mídia às vezes declara”, afirma o CEO do Sitejabber, Michael Lai.
O estudo também mostra que 80% dos consumidores nunca deixaram um comentário sobre um produto ou serviço especificamente por causa da postura política da empresa, enquanto 78% afirmam que dificilmente mencionariam o posicionamento político-partidário da empresa em um review.
A postura dos consumidores de não querer saber a posição política das empresas não significa, porém, que o tema não esteja presente em seu comportamento de consumo. De acordo com o Consumer Purchase Insights, da Affinity Solutions, realizado no primeiro semestre a partir de informações transacionais com cartões de crédito e débito, o perfil de consumo tem uma relação marcante com o posicionamento político.
De forma geral, segundo o levantamento, eleitores democratas tendem a gastar mais em clubes de atacado e em lojas de departamentos, tendo marcas como Costco, Whole Foods e Trader Joe’s entre suas favoritas. Já os republicanos tendem a comprar mais em lojas de descontos, fast food e postos de combustíveis, preferindo bandeiras como o Walmart ou redes de supermercados com forte presença em estados do sul do país.
Então talvez não é que a política não entre nas decisões de compras – talvez a influência seja muito mais sutil do que se imagina.