Estudo da Kantar indica padrões de comportamento dos clientes no pós-pandemia e indica os caminhos para a evolução das vendas
*Por Renato Muller
O comportamento dos consumidores teve grandes transformações nos últimos dois anos. A digitalização da jornada de consumo, o impacto dos problemas globais da cadeia de distribuição e o aumento da inflação estão mudando padrões de compra e reforçando a procura por uma melhor relação custo/benefício.
De acordo com um estudo da Kantar Retail, existem 5 grandes tendências de consumo impactando o comportamento dos clientes ao longo deste ano – tendências que continuarão relevantes em 2023 e além:
- Inflação sobe, aumenta importância dos supermercados
A inflação tem reduzido consideravelmente o poder de compra dos consumidores – em todo o mundo. Com isso, os consumidores têm aumentado os gastos com alimentos, elevando a participação dos itens de consumo (FMCG) para 37% na média global (41% no caso de famílias com crianças). Em países nos quais a inflação e o desemprego ficam abaixo da média, a situação fica um pouco mais favorável aos consumidores.
- O food service ainda não se recuperou
O consumo fora do lar ainda está 15% abaixo dos níveis pré-pandemia, enquanto o consumo em casa está 25% mais alto. Até agora, o relaxamento das medidas de isolamento social não foi suficiente para levar os consumidores para seus hábitos anteriores, seja por uma preocupação ainda existente com a saúde, seja pelo trabalho em home office, que diminui o consumo fora de casa.
- Todo contato é importante
Os consumidores estão indo às lojas com frequência menor e utilizando mais canais de relacionamento com o varejo do que em 2019. Com isso, o omnichannel passa a ser ainda mais importante: na América Latina, por exemplo, 80% do crescimento das vendas de FMCG vem de clientes que utilizam mais de 8 canais de relacionamento com o varejo. As ações de marketing, promoção e vendas são cada vez mais fragmentadas.
- Desconto e praticidade
Os formatos focados em valor, como o atacarejo, continuam liderando o crescimento das vendas, ao lado de formatos baseados em conveniência (como as lojas de vizinhança). Enquanto os primeiros contribuíram com mais de 50% da expansão das vendas do setor de supermercados nos últimos 12 meses, as lojas de vizinhança / conveniência oferecem uma contribuição 4 vezes maior que seu tamanho, principalmente devido ao aumento do número de visitas a essas lojas.
- Desaceleração do varejo online
Globalmente, as vendas do e-commerce continuam em expansão, mas vêm desacelerando. O número de domicílios comprando online se estabilizou em 24% dos consumidores, 9 vezes mais que em 2019. A frequência de compras, porém, cresceu apenas 13% nesse mesmo período. O relacionamento com os early adopters do varejo online de supermercados evoluiu e, para a Kantar, a chave para continuar a crescer no e-commerce é oferecer melhores experiências para os clientes mais acostumados com o varejo digital.