O mundo está em constante mudança e ainda bem que a ABRAS também está. A Convenção ABRAS deste ano mudou, e para melhor. O evento, com cerca de 900 participantes, passou a ser totalmente organizado pela própria equipe ABRAS – antes boa parte da organização era terceirizada – que fez um ótimo trabalho, com muita competência.
O hotel, os serviços, a recepção aos convencionais, a atenção das recepcionistas, a alimentação, olha, tudo estava tão bom que a única crítica que posso fazer é que demoraram em trazer meu carro quando fui embora. E também foi por poucos minutos.
Um importante ponto que quero discorrer é sobre o conteúdo das palestras. Gostei de tudo. A evolução deste evento tão interessante é constante. Se no ano passado já tivemos supermercadistas como os presidentes das maiores redes presentes em um painel de debates, e a importante palestra do presidente da Stew Leonard´s, este ano tivemos a oportunidade de participar de palestras inteiras de cada um dos CEOs das redes Walmart e Carrefour, do vice-presidente do Grupo Pão de Açúcar, do presidente mundial do Cencosud e do presidente da badalada rede americana Whole Foods.
Todas foram ótimas. Gostei da proposta deles de falarem sobre suas empresas e sobre seus caminhos futuros, apesar de não abrirem muito o jogo para não darem munição aos concorrentes, acho eu. Mas estavam muito receptivos e mais abertos do que em situações anteriores.
Acho que o clima e o astral da Convenção contribuíram para isso.
O ponto alto para mim foi a palestra do presidente do Whole Foods, John Mackey.Listo abaixo algumas de suas afirmações.
– O propósito do Whole Foods é melhorar a saúde das pessoas, o sistema alimentar e o mundo.
– O foco da empresa é em um capitalismo consciente e uma vida mais saudável.
– Inovar é o caminho da evolução. E a concorrência ajuda a trilhar este caminho.
– Ganhe sempre oferecendo lealdade e sinceridade aos funcionários e clientes.
Senti na sua fala um conteúdo profundo e muita seriedade e verdade. Saiu do mesmismo e impactou a plateia. Compartilhou sem receios o seu conhecimento.
É como eu sempre vejo o lucro de uma empresa. O lucro não pode ser seu objetivo final e principal. Não pode ser sua proposta de vida. O lucro só pode ser um meio para se atingir os reais propósitos da empresa, que devem estar muito mais ligados à humanidade, ao bem-estar da população como um todo e dos seus clientes em especial.
Para mim, a busca do bem comum deve ser o caminho. Foi nesse tom que Mackey deu seu recado. Estou ansioso para chegar o mês de setembro de 2015.
* Antonio Carlos Ascar é estudioso das tendências mundiais do varejo de autosserviço. Graduado e pós-graduado em Administração de Empresas pela FGV (SP), e especialização em Empreendedorismo pela Babson College de Boston (EUA). É autor do livro Glossário Ascar de Termos Supermercadistas e do livro Distribuindo as Camisas (à venda no site www.terradosaber.com). Por 31 anos foi diretor executivo do Grupo Pão de Açúcar, implantou diversos formatos de loja como: Extra, Minibox, Superbox, Peg Faça, Express, entre outros. Atualmente é consultor e sócio diretor da Ascar & Associados, empresa de consultoria que atua na prestação de serviços a redes supermercadistas. Ascar é também consultor de varejo da Abras e articulista da revista SuperHiper, publicação Abras. www.ascarassociados.com.br
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