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Semana das Mulheres: elas estão por toda parte

Cada vez mais presentes na logística, elas transportam atividade para outros níveis de competência e excelência

De Redação SuperHiper
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Por Giseli Cabrini

Desde o surgimento do autosserviço, a logística sempre foi uma atividade fundamental para o varejo alimentar. É ela que garante que o produto esteja ao alcance do cliente seja na prateleira ou em seu lar. Porém, se, no passado, foram eles que fizeram história, no presente, as mãos delas, ou melhor, o esforço, a dedicação e o olhar estratégico que elas possuem têm levado a área a novos patamares.

E isso tem sido fundamental neste momento pós-pandemia no qual a multicanalidade e o e-commerce têm ganhado evidência. Diante disso, a reportagem de SuperHiper escolheu o tema para encerrar em grande estilo a série: “Elas estão por toda parte” voltada a desmistificar a ideia de que as mulheres têm um espaço limitado no varejo alimentar.

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As trajetórias de Adriana Venancio, Antonia Joana Darc Barbosa Xavier e Marizete da Ressurreição Souza Ribeiro têm um ponto em comum: a logística, além da contribuição de cada uma para a área e as redes nas quais trabalham e que são, respectivamente, Grupo Carrefour Brasil (GCB), GoodBom e Ricoy Supermercados.

Carrefour

“Eu talo muito para os meus times: a gente trabalha alimentando famílias. O que fazemos têm um impacto direto na casa de cada família brasileira”, afirma Adriana, gerente SR. de Operações e Transportes Last Mile E-commerce do Carrefour. E acrescenta. “Para quem não está familiarizado com o termo, o “last mile”, ele compreende a etapa final da entrega até a casa do cliente. Portanto, sou responsável pelo e-commerce que sai de mais de 400 lojas do Carrefour e as entregas que acontecem a cada duas horas. Então, não é só garantir o pedido, mas assegurar que a mercadoria vai chegar à casa de quem fez a compra.”

Adriana começou sua trajetória no varejo alimentar muito cedo, aos 13 anos, como operadora de caixa. Trabalhou por seis anos num supermercado de bairro e isso foi fundamental para que ela conhecesse o setor e mais: aprendesse a lidar com os clientes.

“Eu só tinha 18 anos quando me casei e já na sequência tive meu primeiro filho. Quando ele estava com um ano e meio, comecei a faculdade de Administração. Trabalhava aos sábados e domingos. Minha folga era na segunda. Nada disso foi um impeditivo para mim. Fiz pós-graduação em Gestão e Negócios e MBA em Supply e Logística. Mas é claro que eu sempre contei com uma rede de apoio”, lembra a gerente.

Gerente SR. de Operações e Transportes Last Mile E-commerce do Carrefour, Adriana Venâncio. Foto: Divulgação

Segundo Adriana, ela começou a atuar na área de transportes ainda na faixa dos 20 anos dando suporte a motoristas e lojas. E, dessa forma, passou por todas as funções: da operação de distribuição até o atendimento de lojas. “Migrei para o e-commerce em 2011 e atuei em várias frentes como: protocolo, suporte a marketplace e atendimento a clientes. Cheguei ao Carrefour em 2019 como gerente de operações/ transportes, quando havia apenas uma unidade de e-commerce alimentar em operação na cidade de São Paulo. Atualmente há mais de 100 lojas. No ano passado, assumi meu cargo atual e passei a ser responsável por toda operação de centro de distribuição (CD), lojas e last mille.”

Vivenciando, de perto, todas as transformações da atividade, para Adriana, o momento mais desafiador aconteceu durante a pandemia, quando todos estavam em lockdown e o e-commerce explodiu. “Tínhamos de garantir não só as entregas das mercadorias, mas a segurança de quem estava trabalhando para que isso acontecesse. Então, foi uma grande lição porque vi que é possível sempre me superar.”

Ela afirma nunca ter sentido preconceito ou se colocado numa posição de inferioridade ou que colocasse em xeque sua capacidade. No entanto, reconhece a importância de ajudar a promover um ambiente no qual as mulheres se sintam confortáveis e confiantes para atuar e se desenvolver. Adriana também destaca a postura do Carrefour em adotar ações que promovam a igualdade de gênero, a inclusão e a diversidade até mesmo em cargos de liderança.

“Não dá para negar que o estereótipo existe, mas isso não pode afetar nossa confiança e autoestima. Existe uma demanda muito grande por profissionais na área de logística”. No entanto, por ser casada e mãe de um filho de 25 anos e uma filha de 17, ela faz algumas ponderações. “Conciliar trabalho e família é desafiador ainda mais em uma área com jornadas longas e forte impacto das sazonalidades, sem contar a alta pressão.” E aconselha. “Além de competências técnicas, acredito que é fundamental ter autoconhecimento. Infelizmente, em geral, o autossabotador que existe nas mulheres costuma minar mais a nossa confiança do que a deles.”

GoodBom

Aos 18 anos, Antonia, gerente de Plataforma Logística do GoodBom, ingressou na rede na loja Sumaré Maria Antônia, como empacotadora. “Minha trajetória na empresa começou com uma grande decisão: deixar minha família e me mudar para o Estado de São Paulo em busca de crescimento profissional. No varejo, encontrei a oportunidade de iniciar minha carreira.”

Após três meses, foi promovida a operadora de caixa. “Esse reconhecimento me motivou ainda mais a dar o meu melhor e, com o tempo, fui me desenvolvendo tanto pessoal quanto profissionalmente dentro do varejo.”

Em busca de novos desafios, passou a atuar como recepcionista. “Nesse período, enfrentei algumas dificuldades, como críticas ao meu sotaque, mas nunca deixei que isso me abalasse. Sempre mantive o brilho nos olhos e a determinação de provar que nada me desanimaria.”

Gerente de Plataforma Logística do GoodBom, Antonia Joana Darc Barbosa Xavier.

Após essa experiência, nasceu dentro dela o interesse pela área de logística. “Comecei cobrindo férias. Com isso, decidi iniciar a faculdade de Logística, aprofundando meus conhecimentos e me preparando para novas oportunidades.”

Foi, então, que surgiu a chance de ser promovida a lançadora de NF na unidade de Sumaré Matão. “Ao assumir essa nova função, nasceu em mim um grande sonho: tornar-me gerente de plataforma. No entanto, sabia que seria um desafio, pois esse cargo, muitas vezes, é visto como masculino. Enfrentei descrença até mesmo de alguns colegas de trabalho, que diziam que eu jamais conseguiria por ser mulher. Mas isso não me impediu.”

E, de repente, a grande oportunidade chegou: Antonia foi convidada para ser responsável pelo recebimento do GoodBom de Campinas e assumir o cargo de gerente de plataforma. “Ainda enfrento desafios por ser mulher. Mas, com determinação e as habilidades adquiridas ao longo do tempo, sigo provando que podemos superar qualquer obstáculo. Sim, as mulheres podem ocupar cargos que, muitas vezes, são vistos como exclusivamente masculinos, tanto na área de logística quanto no varejo. Somos capazes de realizar nossos sonhos e conquistar nosso espaço com dedicação e competência.”

Ricoy

Marizete, chefe de Operações Logísticas do Ricoy, começou a trabalhar na área ao entrar na rede varejista em 2014. Antes, atuava nos segmentos de restaurante e vendas. “Passei pelos cargos de separador de mercadorias, lider e, atualmente, sou chefe de seção, posição que assumi em novembro de 2023.”

Ela conta que decidiu trabalhar na área de logística porque sempre foi fascinada por processos e pela forma como as coisas se movimentam, desde a matéria-prima até o produto final nas mãos do consumidor. “A logística é um setor vital que impacta diretamente a eficiência das empresas e a satisfação dos clientes. Eu queria fazer parte de um campo que, embora muitas vezes seja invisível, é fundamental para o funcionamento de qualquer negócio.” E acrescenta. “Trabalhar no varejo alimentar como mulher tem suas oportunidades e desafios únicos. Uma das maiores oportunidades é a crescente valorização da diversidade e inclusão dentro do setor.”

Chefe de Operações Logísticas do Ricoy, Marizete da Ressurreição Souza Ribeiro. Foto: Divulgação.

Contudo, Marizete faz algumas ressalvas. “Enfrentei alguns preconceitos. Algumas pessoas enxergam a logística apenas como algo mecânico e operacional, sem perceber a estratégia envolvida e a importância da gestão da cadeia de suprimentos. Mas, com o tempo, percebi que essa visão limitada na verdade era uma grande oportunidade mostrar a relevância da nossa área. Cada dia é uma chance de resolver problemas complexos, otimizar processos e contribuir para o sucesso da empresa.”

Aos 37 anos, casada e com uma filha, ela avalia que a presença feminina em áreas tradicionalmente dominadas por homens no varejo alimentar pode ser ampliada por meio de políticas de inclusão e diversidade voltadas a promover a igualdade de gênero, a capacitação e o desenvolvimento das mulheres. Para aquelas que desejam trabalhar na área, Marizete aconselha. “Invista em cursos que desenvolvam competências essenciais, como gestão de agendas, atendimento ao cliente e habilidades que facilitem a atração de clientes. E participe de grupos profissionais e de oportunidades de trabalho.”

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Publicação oficial da  Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS)

SuperHiper é a publicação oficial do setor supermercadista, produzida pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) há 48 anos. É uma importante ferramenta utilizada pela entidade para compartilhar informações e conhecimento com todas as empresas do autosserviço nacional, prática totalmente alinhada à sua missão de representar e desenvolver os supermercados brasileiros.

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