Por Renato Müller
Nos próximos anos, o marketing das empresas será totalmente transformado. Negócios que ousarem tentar ficar parados no lugar acabarão desaparecendo – mudar é necessário para continuar a ser relevante. Nessa revolução, a Inteligência Artificial, o uso intensivo de dados e a criação de jornadas de compra imersivas passam a ser a nova realidade.
Esse foi o cenário apresentado por Philip Kotler, o pai do Marketing moderno, durante apresentação no ABRAS’24 food retail future, que acontece até hoje em Campinas (SP). Com 93 anos, Kotler falou por videoconferência com a plateia de executivos supermercadistas que lotou o auditório do evento – e provocou o setor a mudar.
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“A Inteligência Artificial trará grandes mudanças na maneira como o marketing aborda os clientes e no tipo de experiência oferecida aos consumidores”, analisa Kotler. “A tecnologia nos permite trabalhar a comunicação com base em dados e na venda de produtos a partir de abordagens personalizadas”, explica.
Para o especialista, os dados e a IA abrem caminho para o Marketing 5.0, focado em entregar experiências personalizadas e criar relacionamentos um a um. Nesse processo, a automação trará agilidade e eficiência para atividades operacionais, para que os profissionais possam atuar de forma mais analítica.
Mas esse estágio é, na realidade, a transição para um momento ainda mais avançado. “Como podemos fazer com que os consumidores estejam imersos em nosso negócio? É isso que todos devemos nos perguntar”, provoca. Para Kotler, a resposta estará relacionada à criação de realidades artificiais e experiências virtuais.
“Nos próximos 15 anos, uma parcela importante das vidas dos clientes estará em realidade estendida, com experiências virtuais que envolverão os consumidores no universo das marcas. Essa experiência imersiva do cliente será o padrão esperado – e o caminho para isso começa hoje, com o uso intensivo dos dados e a aplicação de Inteligência Artificial nos negócios”, diz.
Antes que os profissionais considerem esse futuro distante ou utópico, um alerta: existem oportunidades de melhoria por toda parte, hoje mesmo. “Todo negócio tem o potencial de gerar mais valor. Todos podemos fazer um trabalho melhor que o que temos feito”, alerta.
Isso passa, por exemplo, pelo ambiente de loja. “Os supermercados podem fazer muito mais com cores, iluminação, sons e uma ambientação que crie uma experiência teatral. Com o e-commerce, os consumidores não precisam ir à loja. A visita ao ponto de venda precisa ser um prazer e trazer novidade. Se você não for interessante, não vai conseguir nem chegar ao fim da década como alguém relevante para os clientes”, alerta.
Assim, comece com medidas básicas, como treinar melhor os funcionários, incorporar tecnologia ao ponto de venda para acelerar o checkout e melhorar a segurança do estacionamento. Uma vez isso feito, o supermercado pode avançar para preços dinâmicos e para gerar receita com outros negócios, como retail media, serviços financeiros ou farmácias.
Essa evolução depende de entender o cliente e como ele está sendo atraído para sua marca. “Use os dados coletados nas lojas, incorpore as informações de programas de fidelidade e de parceiros, além do influencer marketing, para mapear a jornada dos consumidores e se fazer relevante. Esse entendimento do cliente é o que determina a intensidade dos investimentos em novas tecnologias”, recomenda.