Globalmente, número chega a 80%, porém poucos ainda consideram pagar valores mais altos por artigos sustentáveis
Uma pesquisa sobre a visão do consumidor em relação à sustentabilidade revelou que 89% dos brasileiros se mostram preocupados com o meio ambiente ao adquirir produtos domésticos, desde carros até computadores e tablets. O estudo, que ouviu aproximadamente 19 mil consumidores de países como Brasil, Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália, China e Índia, indica, ainda, que, globalmente, apesar de 80% dos consumidores considerarem questões de sustentabilidade nas compras do dia a dia, apenas de 1% a 7% relataram aceitar pagar um preço maior por itens e serviços mais sustentáveis.
O relatório do Boston Consulting Group diagnosticou também que muitos ainda não enxergam plenamente seu papel como consumidores na luta em prol do meio ambiente. Segundo a pesquisa, somente 20% dos respondentes acreditam gerar um impacto comprando produtos “verdes”, enquanto outros 70% se mostram desconfiados de empresas que usam ações sustentáveis para lucrar, se autopromover e conquistar mais clientes, melhorando suas reputações.
O artigo do BCG ressalta, ainda, que, na categoria de produtos para a casa, 60% dos consumidores em todo o mundo todo já adotam comportamentos sustentáveis como reciclagem de produtos, garrafas e embalagens (36%); uso de panos reutilizáveis para limpeza (35%); e compra de produtos de limpeza e higiene recarregáveis (29%). Na categoria de automóveis, por sua vez, 39% dos consumidores estão adotando comportamentos sustentáveis, como evitar dirigir ou dirigir apenas quando necessário (38%), comprar um veículo menor ou mais econômico para reduzir suas emissões (28%), ou pegar carona com outros (14%).
Brasileiros ainda não aceitam pagar mais por produtos “verdes”
Sobre o Brasil, a pesquisa do BCG mostra que os consumidores, em média, podem ter desenvolvido uma compreensão da necessidade da sustentabilidade acima da média de outros países. Um dos possíveis motivos seria o fato de os brasileiros vivenciarem de perto os impactos da degradação ambiental, como o que ocorre na Amazônia.
“Embora a maioria dos brasileiros entrevistados mencione a preocupação com o meio ambiente, o país tende a ficar para trás na adoção de comportamentos sustentáveis e na compra de produtos e serviços ‘verdes’ na maioria das categorias. Essa é uma questão fortemente ligada aos preços, que muitas vezes são mais altos por conta de matérias-primas específicas, processos de fabricação mais elaborados ou limitação de pontos de vendas com esta oferta”, ressalta Daniel.
Conduzindo o consumidor para caminhos mais sustentáveis
Para que as empresas consigam direcionar seus consumidores para produtos e ações mais sustentáveis, o BCG faz três recomendações:
- Ações localmente relevantes: As empresas podem ampliar o impacto de suas ações de sustentabilidade, enfatizando a legitimidade das iniciativas e baseando-se em circunstâncias locais, algo que fortalece ainda mais o vínculo com o consumidor. Por exemplo, produtos “verdes” relacionados à proteção das florestas e da biodiversidade terão grande repercussão para os consumidores no Brasil.
- Diálogo ampliado: Para atingir os consumidores que se preocupam com a sustentabilidade ou adotam comportamentos sustentáveis, ampliar o diálogo sobre causas ambientais pode atingir duas ou três vezes mais consumidores. O BCG descobriu que apenas 7% a 16% dos consumidores valorizam a sustentabilidade por si só como o principal fator de escolha, mas 20% a 43% podem ser persuadidos a comprar um produto mais “verde” se este atributo estiver associado a outros como qualidade, saudável ou socialmente responsável.
- Quebra de paradigmas: Consumidores que expressam preocupação com o meio ambiente e aqueles que estão adotando comportamentos sustentáveis podem ser conquistados por meio de estratégias projetadas para romper os paradigmas. Isto é importante pois muitos consumidores assumem que, por ser mais sustentável, o produto deve ser mais caro e, em algumas situações, de menor qualidade (pior sabor, por exemplo) — razões pelas quais as pessoas hesitam em adotar de forma mais plena a sustentabilidade.